Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Abandonar a imagem do Deus que pensamos conhecer e converter-nos a cada dia ao Deus que Jesus nos mostra no Evangelho, Pai de amor e compaixão.
Contínuo movimento de Jesus fala-nos de Deus e interpela-nos
Este foi o convite do Papa na sua alocução antes de rezar o Angelus neste 4 de fevereiro, V Domingo do Tempo Comum, em que a liturgia propõe-nos o Evangelho de Marcos 1, 29-39. E precisamente o "contínuo movimento de Jesus" narrado pelo evangelista, "diz-nos algo muito importante sobre Deus e interpela-nos com algumas perguntas sobre a nossa fé".
De facto, a passagem bíblica mostra-nos uma contínua movimentação de Jesus, que tem dois sentidos: uma horizontal e outra ascendente, vertical. Inicialmente Ele prega na sinagoga, depois vai à casa de Pedro onde cura a sua sogra da febre, então vai à porta da cidade onde cura doentes e possuídos pelo demónio. Mas na manhã seguinte, retira-se para rezar, onde no silêncio da oração, "entrega tudo e todos ao coração do Pai". Depois, volta a caminhar pela Galileia, vai às aldeias da redondeza. E precisamente nesses movimentos, revela o verdadeiro rosto do Pai:
Jesus, que vai ao encontro da humanidade ferida, mostra-nos o rosto do Pai. Pode ser que dentro de nós ainda exista a ideia de um Deus distante, frio, indiferente à nossa sorte. O Evangelho, ao contrário, mostra-nos que Jesus, depois de ter ensinado na sinagoga, sai, para que a Palavra que pregou possa alcançar, tocar e curar as pessoas.
Deus é proximidade, compaixão e ternura
E ao fazer isto, acrescenta o Papa, Ele revela-nos que Deus não é um Senhor distante que nos fala do alto:
Pelo contrário, é um Pai cheio de amor que se faz próximo, que
visita as nossas casas, que quer salvar e libertar, curar de todo mal do
corpo e do espírito. Deus está sempre perto de nós. A atitude de Deus
pode ser expressa em três palavras: proximidade, compaixão e ternura.
Deus que se faz próximo para nos acompanhar, terno, e para nos perdoar.
Não se esqueçam disto: proximidade, compaixão e ternura. Estaeé o comportamento de Deus.
Descobrimos o rosto de Deus como Pai da misericórdia ou acreditamos e proclamamos um Deus frio, um Deus distante? A fé provoca-nos a inquietação do caminho ou para nós é uma consolação intimista, que nos deixa tranquilos? Rezamos somente para nos sentirmos em paz ou a Palavra que ouvimos e pregamos faz-nos ir, como Jesus, ao encontro dos outros, para difundir a consolação de Deus?
Convertes-te ao Deus que Jesus nos apresenta no Evangelho
Devemos então olhar para este movimento de Jesus e recordar do primeiro trabalho espiritual, sugeriu o Santo Padre:
O nosso primeiro trabalho espiritual é este: abandonar o Deus que pensamos conhecer e converter-me em cada dia ao Deus que Jesus nos apresenta no Evangelho, que é o Pai de amor e o Pai da compaixão. O Pai próximo, compassivo e terno. E quando descobrimos o verdadeiro rosto do Pai, a nossa fé amadurece: não ficaremos mais “cristãos da sacristia”, ou “de sala”, mas sentimo-nos chamados a tornarmo-nos portadores da esperança e da cura de Deus.
"Que Maria Santíssima, Mulher em caminho - disse ao concluir - ajude-nos a dar testemunho do Senhor que é próximo, compassivo e terno."
VN
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