Numa recente deslocação a Lisboa para
falar sobre o Percurso Alpha numa Assembleia Diocesana do Renovamento
Carismático Católico, tive a oportunidade de ouvir o ensinamento feito
por um sacerdote, no qual ele citou uma frase que tinha ouvido ou lido
em francês, e que era mais ou menos assim: “Não fales tanto de Deus se
não te pedirem, mas vive de tal modo que to peçam.”
Fiquei
com a frase no meu coração e no meu pensamento e já me servi dela duas
ou três vezes em que fui chamado a falar sobre a minha vivência da fé.
Com
efeito algumas vezes com a ânsia de falar de Deus, (com um certo
proselitismo, talvez), acabamos por incomodar, por invadir o espaço dos
outros, e as nossas palavras acabam por ter o efeito contrário ao que
pretendíamos.
São
Paulo avisa-nos para isso mesmo, julgo eu, quando nos diz: «Procedei
com sabedoria para com os que estão fora, aproveitando as ocasiões. Que a
vossa palavra seja sempre amável, temperada de sal, para que saibais
responder a cada um como deveis» Cl 4, 5-6
Regressando
à frase que refiro acima, quero perceber que, se realmente vivermos em
Cristo, para Cristo e com Cristo, isso será notório na nossa vida e, com
certeza, levará outros que assim não vivem a questionar-nos, e mesmo
que não seja com perguntas específicas sobre Deus, pelo menos o porquê
de assim querermos viver.
Ora
essas perguntas, dúvidas, ou até sarcasmos, serão a meu ver, o
“aproveitar as ocasiões”, de que nos fala São Paulo, nos versículos
acima referidos.
Então
já não será uma espécie de “intrusão” na privacidade de outros, mas a
resposta às suas perguntas, dúvidas ou qualquer outro tipo de
intervenção que nos queiram dirigir.
E
isso acontecerá porque afinal vivemos de tal modo a fé que nos move e
faz viver, que outros nos pedem para falar do que vivemos.
Se
assim vivermos e fizermos, estaremos a entregar-nos ao Espírito Santo,
para que seja Ele a colocar as palavras em nós, e não seja a nossa
pretensa sabedoria a falar, por vezes, infelizmente, apenas porque nos
querermos mostrar.
Ou
seja, afinal se vivermos verdadeiramente a fé que nos anima, estaremos
sempre a falar silenciosamente com o nosso testemunho de vida, para
depois, se para tal formos chamados, colocarmos em palavras a fé que nos
move e faz viver.
Monte Real, 16 de Janeiro de 2024
Joaquim Mexia Alves
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