Ainda vemos muitas vezes a santidade
como algo de extraordinário, algo de inalcançável para o comum mortal,
algo que vai muito para além do nosso dia a dia.
Prestamos
muita atenção às coisas extraordinárias feitas pelos santos sem
percebermos que, muitas vezes no seu dia a dia, a sua vida era tentar
viver sempre segundo a vontade Deus que eles tentavam escutar sempre nos
seus corações, nas suas consciências.
E
afinal a santidade ou ser santo não é fazer coisas extraordinárias,
(embora nos tempos em que vivemos seguir Cristo já é extraordinário),
mas sim viver segundo a vontade de Deus, deixando-se guiar pelo Espírito
Santo, tentando acolher os outros como Cristo, querendo amar como o Pai
nos ama.
A
verdade, (falo por mim), é que também escutamos nos nossos corações,
nas nossas consciências, o Espírito Santo que nos quer conduzir segundo a
vontade de Deus, mas nós, com as nossas “sabedorias”, as nossas
certezas, as nossas ideias, os nossos planos, e também os nossos medos e
vergonhas humanas, acabamos por fazer o que queremos e não o que Deus
quer para nós.
Mas
a verdade, acredito eu, é que cada um de nós tem a santidade inscrita
no seu ser e, por isso mesmo, a “única” atitude a tomar é abraçar essa
santidade em nós, fazendo a vontade de Deus em cada momento de família,
de trabalho, de lazer, de alegria, de tristeza, de saúde, de doença, de
boa disposição, de má disposição, enfim em tudo e sempre no dia a dia de
cada um.
E os santos fizeram sempre a vontade de Deus em tudo no seu dia a dia?
Não,
claro que não, porque eram pecadores como nós, mas sempre recomeçavam
caminho, nunca desistiam, porque viam sempre os braços do Pai abertos
para eles, quando regressavam a casa.
Por
isso o Céu está cheio de santos e são precisamente esses santos
“anónimos” que devemos almejar, que devemos querer, que devemos
acreditar poder ser.
Ser “Santo de altar” não é mais nem menos do que ser santo como todos os outros que comungam da visão eterna de Deus.
Ser
“Santo de altar” não devia ser para nos admirarmos com o
extraordinário, mas sim com a atitude da vida diária desses Santos em
todos momentos e, reflectindo nas semelhanças com os momentos das nossas
vidas, querer imitá-los na sua entrega, no seu amor, na sua resistência
a fazer a sua vontade, antes da vontade de Deus.
Afinal ser santo é fácil!
Basta
querer deixar-se guiar pelo Espírito Santo e, quando a nossa vontade
“falar” mais alto do que Ele, resistir à nossa vontade, fazendo a
vontade de Deus.
É
também saber e acreditar no mais íntimo de nós próprios que Deus nos
criou santos, porque nos ama com amor eterno e, por isso mesmo, quando
erramos o caminho, Ele está sempre de braços abertos à nossa espera para
retomar o caminho connosco.
Ah, e ser santo não é desistirmos de nós próprios, mas sim sermos nós próprios, tal como Deus nos criou no Seu infinito amor.
Marinha Grande, 18 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário