Acordo de madrugada, muito cedo, ou és Tu que me acordas, nunca sei bem.
Acreditando
que és Tu que me acordas, (assim é mais fácil não me incomodar por não
conseguir dormir), começo a falar conTigo, ou seja, começo a rezar.
E
dou-Te graças pela cama em que estou deitado, pelo seu aconchego, pela
sua comodidade, pedindo logo por aqueles que não têm nem cama, nem
quarto, nem casa sequer, cujo colchão é o empedrado duro de uma qualquer
rua e os limites do quarto são as paredes dos prédios a que se
encostam.
Depois
sinto as dores nas costas, (coisas da idade), e dou-Te graças por elas e
ofereço-tas por aqueles que sofrem incomparavelmente mais nas camas dos
hospitais, nas suas casas, no seu dia a dia.
Percebo
na casa em que vivo a presença da família, e dou-Te graças por ela, por
aqueles que me deste e com quem partilho a minha vida e peço-Te por
aqueles que estão sós, abandonados, nas suas casas, nos lares e, tantas
vezes, nas ruas.
Começo
as minhas orações de cada dia, (ai a rotina, meu Deus, que faz as
minhas orações “frias”), e vou pedindo por todos os que colocas no meu
coração e, nesses todos, todos os que não conheço mas precisam das
orações, também.
Peço
ao meu Anjo da Guarda que se una aos Anjos da Guarda daqueles por quem
rezo e assim unidos em louvor, peçam por nós a Deus, segundo a Sua
vontade.
Peço
também aos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael que me protejam e protejam
todos aqueles por quem peço, do mal e das tentações.
Abro
ainda mais o coração e chamo pela Mãe do Céu, para que Ela receba todas
as minhas orações no seu colo e as leve ao seu Filho que, se calhar,
lhe responde «Mulher, que tem isso a ver comigo?» (cf Jo 2, 4), mas
depois lá lhe faz a vontade, segundo a Sua vontade.
Claro que logo a seguir A ouço dizer-me baixinho: «Faz tudo o que Ele te disser!» (cf Jo 2, 5)
Já que estou a falar com a Mãe, levo a minha mão à mesa de cabeceira e pego no terço, para o ir recitando no silêncio da noite.
Os
Mistérios sucedem-se numa cadência serena, não há muita meditação, mas a
cada Avé Maria rezada sinto o afago da Mãe, a cada Pai Nosso sinto-me
ao colo do Pai, a cada Glória o Filho e o Espírito Santo tomam conta de
mim e, de mão dada, levam-me a continuar em oração.
Lentamente
os olhos interiores vão-se fechando, o ímpeto da oração vai diminuindo,
a tranquilidade vai tomando conta de mim, o sono vai abrindo caminho e,
como está findo o Rosário, vou-me deixando levar.
Sinto-me
criança ao colo do Pai, de mão dada com o Filho, envolto no Espírito
Santo, enquanto a Mãe, com um largo sorriso, vai olhando para nós.
Parece-me ouvir os Três a cantar, (não sabia que Deus cantava!), com a Mãe a acompanhar:
Dorme, meu menino,
repousa agora,
és sempre para Nós pequenino
e tomamos conta de ti
sempre e a toda a hora.
E eu vou repetindo baixinho, embalado no sono divino:
Obrigado, meu Deus, obrig………
Marinha Grande, 27 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves
Nota:
* sem qualquer comparação, pobre de mim, chamo a estes momentos que vou
tendo “momentos Samuel” lembrando-me de 1 Sm 3, 1-10
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