29 março 2023

O Papa: o que muda uma vida é o encontro com o Senhor

 
 
Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco propôs a figura de São Paulo e a sua paixão pelo Evangelho que o levou a ser chamado de Príncipe dos Apóstolos: para um cristão, "converter-se significa refazer aquela mesma experiência de "queda e ressurreição" que Saulo/Paulo viveu e isto está na origem da transfiguração do seu zelo apostólico".
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre "A paixão de evangelizar: o zelo apostólico do fiel", na Audiência Geral desta quarta-feira (29/03), realizada na Praça de São Pedro.

A figura de São Paulo foi central neste encontro semanal com os fiéis, pois o Apóstolo dos Gentios testemunhou o que significa ter paixão pelo Evangelho.

O único que pode mudar os nossos corações é o Espírito Santo

"No primeiro capítulo da Carta aos Gálatas, assim como na narração dos Atos dos Apóstolos, observamos que o seu zelo pelo Evangelho aparece depois da sua conversão, e substituo seu zelo precedente pelo judaísmo. Saulo, primeiro nome de Paulo, já era zeloso, mas Cristo converte o seu zelo: da Lei ao Evangelho", disse Francisco.

No caso de Paulo, o que o mudou não foi uma simples ideia ou uma convicção: foi o encontro, esta palavra, foi o encontro com o Senhor ressuscitado – não se esqueçam disto, o que muda uma vida é o encontro com o Senhor – para Saulo foi o encontro com o Senhor ressuscitado que transformou todo o seu ser. A humanidade de Paulo, a sua paixão por Deus e a  sua glória não são aniquiladas, mas transformadas, "convertidas" pelo Espírito Santo. O único que pode mudar os nossos corações é o Espírito Santo.

Tornar-se cristão não é uma maquilhagem que muda o rosto

"E assim para todos os aspetos da sua vida. Como acontece na Eucaristia: o pão e o vinho não desaparecem, mas tornam-se o Corpo e o Sangue de Cristo. O zelo de Paulo permanece, mas torna-se o zelo de Cristo. O significado muda, mas o zelo é o mesmo", sublinhou Francisco.

“Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. Este é o significado de ser uma nova criatura. Tornar-se cristão não é uma maquilhagem que muda o rosto, não! Se és cristão, o teu coração muda, mas se fores cristão de aparência, isto não funciona. Cristãos de maquilhagem, não, não. A verdadeira mudança é a do coração. E isto aconteceu com Paulo.”

Segundo o Papa, a "paixão pelo Evangelho não é questão de compreensão ou de estudos – podes estudar toda a Teologia que quiseres, podes estudar a Bíblia e tudo o mais e virar um ateu ou mundano, não é questão de estudos. Na história houve muitos teólogos ateus! Estudar serve, mas não gera a nova vida da graça. Converter-se significa refazer aquela mesma experiência de 'queda e ressurreição' que Saulo/Paulo viveu e que está na origem da transfiguração do seu zelo apostólico".

A seguir, Francisco disse que "muitas vezes ouvimos comentários sobre as pessoas: 'Mas olha aquele ali, era um miserável e agora é um bom homem, uma boa mulher. Quem o mudou? Jesus. Ele encontrou Jesus. Se Jesus não entrou na tua vida ela não mudou. Vais ser um cristão de fora. Jesus tem que entrar e isto muda-te. Foi o que aconteceu com Paulo. Encontrar Jesus. Por isso, Paulo disse que o amor de Cristo impele-nos, leva-nos adiante. O mesmo aconteceu com todos os santos, a mudança. Quando encontraram Jesus foram em frente".

Um católico elegante não é um católico santo, é elegante

Depois, o Papa fez mais uma reflexão sobre a mudança que aconteceu em Paulo, "que de perseguidor tornou-se apóstolo de Cristo". "Quando iluminado pelo Ressuscitado, descobre que foi "blasfemo e violento". Então ele começa a ser realmente capaz de amar", disse Francisco, acrescentando:

E este é o caminho. Se um de nós disser: 'Ah! Obrigado Senhor, porque sou uma pessoa boa, faço coisas boas, não cometo pecados grandes'. Este não é um bom caminho, este é um caminho de autossuficiência.  É um caminho que não justifica a pessoa. Ele é um católico elegante, mas um católico elegante não é um católico santo, ele é elegante. O verdadeiro católico, o verdadeiro cristão é aquele que recebe Jesus dentro de si, e Ele muda o seu coração.

Por fim, o Papa convidou a todos a questionarem-se: "O que significa Jesus  para mim? Deixo-o entrar no meu coração ou apenas o mantenho por perto, mas não tanto dentro? Deixei que Ele me mudasse ou Jesus é somente uma ideia, uma teologia que vai adiante?" "O zelo é isto: quando alguém encontra Jesus sente o fogo e como Paulo deve prégar Jesus, deve falar de Jesus, deve ajudar as pessoas, deve fazer coisas boas. Quando alguém encontra a ideia de Jesus, permanece um ideólogo do cristianismo e isto não justifica, só Jesus nos justifica. Que o Senhor nos ajude a encontrar Jesus, e que esse Jesus de dentro mude a nossa vida e nos ajude a ajudar os outros", concluiu Francisco.

VN

28 março 2023

MOISÉS E A IGREJA

 

 
Releio e medito nos primeiros Livros da Bíblia, no Pentateuco.

Para além do muito que vou reaprendendo, que vou reflectindo, que vou percebendo da Fé que me move e que é uma continuidade desde o primeiro versículo ao último da Bíblia, encontro, de repente, uma semelhança, uma comparação, um simbolismo, (não sei o que lhe hei-de chamar), entre Moisés e a Igreja.

Naqueles tempos antigos foi Moisés que conduziu aquele povo ao encontro de Deus, segundo a vontade de Deus, de modo a levá-lo até à Terra Prometida.

E fê-lo perguntando a Deus, escutando Deus, intercedendo junto de Deus, aceitando a vontade de Deus e comunicando ao povo a vontade de Deus.

Comunicou àquele povo a Lei de Deus, indicou àquele povo o caminho que Deus tinha para ele, alertou aquele povo para os seus erros, para as suas idolatrias, para os seus desvios, e rogou insistentemente a Deus por aquele povo, sempre que o mesmo desprezava Deus e se afastava de Deus, ficando assim sujeito a todo o mal que lhe pudesse acontecer.

Deus ouvia-o nessas suas preces e perante o arrependimento daquele povo, restabelecia a Sua aliança com o povo e protegia-o de todos os males.

E percebe-se pela leitura e reflexão daqueles Livros, como Moisés sofreu pelos erros do povo e até pelos erros de alguns que estavam ao serviço de Deus nas celebrações e rituais do culto de então.

Mas Moisés continuou sempre a acreditar e o povo sempre viu nele essa fé inquebrantável que os conduzia no caminho.

E, para terminar, Moisés não entrou na Terra Prometida apesar de ter conduzido o povo até ela.

Quero perceber então, como a Igreja Militante, a Igreja que peregrina, a Igreja destes nossos tempos, tal como Moisés naquele tempo, também nos conduz ao encontro com Deus, o Pai, O Filho e o Espírito Santo, para nos levar até à Terra Prometida, ou seja, à vida eterna junto de Deus.

E a Igreja fá-lo, também, perguntando a Deus, escutando Deus, intercedendo junto de Deus, aceitando a vontade de Deus e comunicando a vontade de Deus.

E a Igreja comunica também aos seus peregrinos neste mundo, (que somos todos nós), a Doutrina ensinada por Cristo na Sua Palavra, indica o caminho que leva ao encontro com Cristo, alerta-nos para os erros que praticamos, para as idolatrias em que de quando em vez nos deixamos envolver, para os desvios “doutrinais” que praticamos para fazermos a nossa vontade, e roga por nós, oferece o Sacrifício do Altar por nós todos os dias e em todos os lados, dá-nos os Sacramentos, presença viva de Deus entre nós, para que assim, em comunhão com Deus e com os irmãos, estejamos protegidos do mal do mundo que nos quer fazer perder.

E a Igreja também alcança de Deus o perdão para aqueles que, arrependidos dos seus erros, os confessam, prometendo emendar-se, restabelecendo assim a relação de amor eterno com os homens que, por sua culpa, tantas vezes quebram.

E também a Igreja sofre com os nossos erros e com os erros de alguns daqueles que foram escolhidos para servir a Deus como ministros ordenados e se perderam nos vícios do mundo.

E a Igreja é depósito da Fé e é nEla que podemos confiar para nos conduzir por Deus, com Deus e em Deus.

E também esta Igreja Militante não “entra” na Terra Prometida, pois lá passa a ser a Igreja Triunfante, nessa Terra onde nada falta porque é “só” e “apenas” Amor de Deus.

Obrigado, meu Deus, por Moisés!
Obrigado, meu Deus, pela Igreja!




Marinha Grande, 28 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

 

26 março 2023

Papa no Angelus: não cedas à dor e ao pessimismo, Deus está perto de nós!

 

 

Francisco no Angelus deste domingo: “talvez também nós, neste momento, carregamos nos nossos corações algum peso ou algum sofrimento, que parecem esmagar-nos. Então é hora de remover a pedra e sair ao encontro de Jesus, que está próximo”. 
 

Silvonei José - Vatican News

"Não cedas ao pessimismo que deprime, ao medo que isola, ao desânimo pela recordação de más experiências, ao medo que paralisa"! O Papa Francisco introduzindo a recitação do Angelus comentou a passagem do Evangelho deste V Domingo da Quaresma, a ressurreição de Lázaro, "querido amigo de Jesus", para sublinhar que Jesus "dá vida mesmo quando parece não haver mais esperança" e "convida-nos a não deixar de acreditar e esperar, a não nos deixarmos esmagar por sentimentos negativos".

"Acontece, às vezes, sentires-te sem esperança, aconteceu com todos, ou encontrar pessoas que perderam a esperança: amarguradas", com "um coração ferido", "por causa de uma perda dolorosa, uma doença, uma deceção, um erro ou uma traição sofrida, por um grave erro cometido", observou o Pontífice.

 

 Papa Francisco 
 

"Às vezes ouvimos as pessoas dizerem: 'Não há mais nada a ser feito!' e fecha a porta a toda esperança. Estes são momentos em que a vida parece um sepulcro fechado: tudo é escuro, ao redor vemos apenas dor e desespero". Em vez disto, Jesus "diz-nos que isto não é assim, o fim não é este, que nestes momentos não estamos sozinhos, pelo contrário, que precisamente nestes momentos Ele aproxima-se mais do que nunca para restaurar a nossa vida". Jesus chora, o Evangelho diz que ele chora diante do sepulcro de Lázaro, e Jesus chora connosco, como chorou por Lázaro: o Evangelho repete duas vezes que ele se comoveu e sublinha que Ele chorou".

 

 Fiéis na Praça São Pedro 

Jesus, continua Francisco, "aproxima-se dos nossos sepulcros e diz-nos, como então: 'Tira a pedra'". "Tira a pedra: a dor, os erros, também os fracassos, não os escondam dentro de vós, num quarto escuro e solitário, fechado". Tira a pedra: tira tudo o que está entrega-me com confiança, sem medo, porque estou contigo, amo-te e desejo que vivas novamente".    

E, como a Lázaro, acrescenta o Papa, "repete a cada um de nós: vem para fora! Levante-se, retoma o caminho, recupera a confiança! Eu levo-te pela mão, como quando tu era uma criança aprendendo a dar os teus primeiros passos". "Tira as ligaduras que te prendem, por favor não cedas ao pessimismo que deprime, não cedas ao medo que isola, não cedas ao desânimo devido à recordação de más experiências, não cedas ao medo que paralisa. Eu quer-te livre e vivo, não te abandonarei e estou contigo". "Não te deixes aprisionar pela dor, não deixes morrer a esperança: volta à vida". "Eu pego-te pela mão e trago-te para fora" da escuridão, diz Jesus.

 

 Fieis na Praça de S. Pedro 

Esta passagem, capítulo 11 do Evangelho de João, faz-nos tão bem lê-la, enfatiza o Papa. "É um hino à vida", diz, "e nós o lemos quando a Páscoa está próxima. Talvez também nós, neste momento, carregamos nos nossos corações algum fardo ou algum sofrimento, que parece esmagar-nos. Alguma coisa má, algum pecado feio, algum erro da juventude", acrescenta Francisco.

"Então é o momento de remover a pedra e sair ao encontro de Jesus, que está próximo". "Conseguimos abrir os nossos corações e confiar as nossas preocupações a Ele? Abrir o sepulcro dos problemas e olhar para além da soleira, em direção à sua luz? Ou será que temos medo disto? E, por sua vez, como pequenos espelhos do amor de Deus, será que conseguimos iluminar os ambientes em que vivemos com palavras e gestos de vida? Damos testemunho da esperança e da alegria de Jesus? Nós pecadores, todos nós?".

Francisco dirigiu-se novamente aos confessores: "Caros irmãos, não esqueçam que  também sois pecadores e que no confessionário não sejam torturadores, mas perdoem tudo".

O Papa concluiu: “Maria, Mãe da Esperança, renova em nós a alegria de não nos sentirmos sozinhos e o chamamento a levar luz à escuridão que nos circunda”.

 

VN

22 março 2023

Papa: a Igreja vira uma peça de museu se não evangelizar a si mesma

 

 
Acreditas verdadeiramente naquilo que anuncias? Vives aquilo em que acreditas? Pregas verdadeiramente aquilo que vives? Estas são três perguntas, feitas por São Paulo VI, que o Papa repropôs aos fiéis ao dar prosseguimento ao ciclo de catequeses sobre a evangelização.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Uma obra-prima, a “magna carta” da evangelização no mundo contemporâneo: assim o Papa definiu a a Exortação apostólica Evangelii nuntiandi, de São Paulo VI, tema da sua catequese na Audiência Geral deste 22 de março.

Na Praça de São Pedro, diante de milhares de fiéis, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o zelo apostólico, recordando que evangelizar não é uma mera transmissão doutrinal ou moral, mas o testemunho de um encontro pessoal com Jesus Cristo.

"Não se pode evangelizar sem testemunho", recordou o Pontífice. A coerência é fundamental. A credibilidade não vem ao proclamar-se uma doutrina ou uma ideologia.

“Uma pessoa é crível se há harmonia entre aquilo que crê e aquilo que vive: como crer e como viver. Muitos cristãos só dizem crer, mas vivem de outra coisa, como se não fossem. E isto é hipocrisia. O contrário do testemunho é a hipocrisia.”

O Papa então repropôs três perguntas contidas no documento de Paulo VI: Acreditas verdadeiramente naquilo que anuncias? Vives aquilo em que acreditaw? Pregaw verdadeiramente aquilo que vivew?

Para o Papa, não podemos contentar-nos com respostas fáceis, predefinidas. Somos chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente na ação do Espírito Santo que age em cada um de nós.

Uma peça de museu

A evangelização, prosseguiu, pressupõe um caminho de santidade. Aliás, a santidade é fulcral: sem a santidade, a evangelização corre o risco de ser vã e infecunda. "Palavras, palavras, palavras", acrescentou  Francisco. 

Da santidade, nasce o zelo pela evangelização, que, por sua vez, faz crescer cada um dos fiéis em santidade na medida em que, antes de levar o Evangelho aos outros, ele próprio reconhece-se como seu destinatário. 

Noutras palavras, devemos estar conscientes de que os destinatários da evangelização não são somente os outros, aqueles que professam outras crenças ou que não as professam, mas também nós mesmos, Povo de Deus.

“E devemos converter-nos todos os dias, acolher na Palavra de Deus e mudar de vida: todos os dias. E assim se faz a evangelização do coração. (...) Para dar este testemunho, também a Igreja enquanto tal deve começar com a evangelização de si mesma. Se a Igreja não evangeliza a si mesma permanece uma peça de museu.”

Sem o Espírito Santo, a Igreja faz só propaganda

Uma Igreja que se evangeliza para evangelizar é uma Igreja que, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a percorrer um caminho exigente, de contínua conversão e renovação. Isto implica também a capacidade de mudar os modos de compreender e viver a sua presença evangelizadora na história, evitando refugiar-se nos âmbitos protegidos da lógica do “sempre se fez assim”, uma mentalidade que o Papa definiu como "refúgios que adoecem a Igreja". "A Igreja deve ir adiante, deve crescer continuamente, assim permanecerá jovem."

Francisco então concluiu:

"A Igreja deve ser uma Igreja que dialoga com o mundo contemporâneo, que encontra todos os dias o Senhor e dialoga com o Senhor, e deixa entrar o Espírito Santo que é o protagonista da evangelização. Sem o Espírito Santo, nós podemos somente fazer propaganda da Igreja, não evangelizar. É o Espírito em nós que nos impulsiona para a evangelização e esta é a verdadeira liberdade dos filhos de Deus."

VN

20 março 2023

OS PADRES E O CELIBATO

 

 
«sua insondável vida interior, da qual provêm ordens e consolações singularíssimas; dela decorrem também a lógica e a força nas grandes decisões, próprias das almas simples e límpidas, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade, a sua legítima vocação humana e a sua felicidade conjugal, aceitando a condição, a responsabilidade e o peso de uma família e renunciando, por um incomparável amor virginal, ao natural amor conjugal que constitui e alimenta essa mesma família» (São Paulo VI, alocução 19 de março de 1969).

Leio hoje estas palavras de Santo Paulo VI e quero ver nelas o que vai para além da figura extraordinária de São José, o pai por excelência.

Num tempo em que tanto se fala no celibato dos padres, sou levado a ver na vida de São José um exemplo extraordinário dessa entrega a Deus na totalidade.

Sim, São José teve uma mulher, Maria, e teve um filho adoptivo, Jesus, Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, constituindo assim uma família.

Mas para dizer sim, também, a Deus, como Maria sua esposa, renunciou ao «natural amor conjugal», (no dizer de Paulo VI), e assim permaneceu em toda a sua vida.

Assim ao colocar nas mãos de Deus a sua liberdade de homem, libertou-se verdadeiramente de tudo, para melhor servir a Deus, como homem escolhido para O servir de forma singular.

São José foi pai, e a palavra padre vem do latim pater, que significa pai, também.

Os padres, então, também os podemos ver como pais, irmãos, família e talvez, mesmo por isso, Jesus nos diz:
«Em verdade vos digo: quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, juntamente com perseguições, e, no tempo futuro, a vida eterna.» Mc 10, 29-30

Na sua entrega, então, a Deus, também os padres na sua liberdade, como São José, se libertam do «natural amor conjugal», para totalmente livres, servirem a Deus servindo os outros.

Obviamente que estas reflexões são fruto do meu permanente querer ver em tudo a mão de Deus, talvez uma visão pessoal que partilho com os outros, e não um qualquer “tratado” seja do que for, para o qual não estou habilitado.

Que São José rogue por todos nós, especialmente pelos pais e muito pelos Padres, para que todos encontremos na figura e exemplo de vida deste grande Santo o caminho e entrega que todos devemos ter à vontade de Deus, dizendo-Lhe o sim incondicional de Maria e de José.



Monte Real, 20 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

19 março 2023

Papa: Peçamos a graça de nos maravilhar com os dons de Deus

 
 
"Como o cego, será que sabemos ver o bem e agradecer os dons que recebemos? Somos testemunhas de Jesus ou espalhamos críticas e suspeitas?" Estas foram algumas das perguntas feitas por Francisco aos fiéis no Angelus dominical.
 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Aos milhares de peregrinos presentes na Praça de São Pedro, o Papa comentou o Evangelho deste IV Domingo de Quaresma, recomendando vivamente aos fiéis que leiam a narração do gesto de Jesus que doa a vista a um homem cego de nascença (cf. Jo 9,1-41). 

Este episódio, afirmou Francisco, mostra como Jesus age e como procede o coração humano: há o coração bom, tíbio, medroso e corajoso, como demonstram os protagonistas da narração. Ninguém acolhe de bom grado o prodígio de Jesus, com exceção do cego. Os vizinhos são cépticos, os escribas e os fariseus opõe-se, enquanto os pais do homem curado temem as autoridades religiosas. 

Em todas estas reações, explica o Papa, emergem corações fechados diante do sinal de Jesus: ou porque procuram um culpado ou não sabem maravilhar-se, ou porque não querem mudar, bloqueados pelo medo.

O único que reage bem é o cego: feliz em poder ver, ele testemunha o que lhe aconteceu da maneira mais simples: "Eu era cego e agora vejo". Agora, livre no corpo e no espírito, ele dá testemunho de Jesus, deixando para trás o gosto amargo da marginalização, da indiferença e do desprezo. 

"Esta é a dignidade de uma pessoa nobre, de uma pessoa que sabe que foi curada e restabelece-se, renasce."

E nós, como agimos?

O Papa então faz uma série de perguntas:

"Como o cego, será que sabemos ver o bem e agradecer os dons que recebemos? Somos testemunhas de Jesus ou somos como aqueles que espalham negatividade e fofocas?"

E mais: Como acolhemos as pessoas que têm limitações, sejam físicas, como este cego, sejam sociais, como os mendicantes que encontramos na rua?

Francisco concluiu convidando os fiéis a pedirem ao Senhor a graça de nos maravilharmos todos os dias com os dons de Deus e de ver as várias circunstâncias da vida, mesmo as mais difíceis de aceitar, como oportunidades para fazer o bem, como Jesus fez com o cego. 

"Que Nossa Senhora nos ajude nisto, junto com São José, um homem justo e fiel."

VN

15 março 2023

SETENTA VEZES SETE


 
 
Não, não lhe posso perdoar, pensava ele enquanto caminhava pela rua ao encontro daquele que o tinha ofendido.

A ofensa tinha sido gravíssima, tinha-o magoado profundamente e a dor da revolta ainda vivia permanentemente nele.

Reparou que estava a passar numa igreja e, sendo cristão, decidiu entrar e fazer uma oração para pedir a Deus forças para aquele encontro tão difícil.
A igreja estava praticamente vazia e ele sentou-se num banco falando em surdina com Deus.

- Ó, Senhor, percebes, com certeza, porque não posso perdoar àquele que tanto me ofendeu?
Não tenho forças em mim para o fazer.

Não sentiu nenhuma resposta e por isso continuou.

- Doeu-me e dói-me tanto, Senhor. Ele prejudicou tanto a minha vida! Como posso eu encontrar em mim razões para o perdoar?

O silêncio exterior e interior permaneciam e ele percebeu que afinal, dentro de si, procurava uma resposta de Deus que o ajudasse naquele problema que ele não conseguia resolver.

- Senhor, (disse ele baixinho para que os poucos que ali estavam não ouvissem), ajuda-me a perceber a Tua vontade neste meu problema.

Ouviu então claramente, dentro de si, uma voz que dizia:
«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23, 34)

Lembrou-se imediatamente da frase e do seu contexto e por isso ficou estático, admirado, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer.

No entanto “arriscou” responder, dizendo:
Mas, Senhor, Tu és Deus e o Teu amor é infinito!

Sentiu novamente no seu coração aquela voz que lhe dizia:
Meu filho, se Me procuras é porque queres ouvir a Minha resposta, saber da Minha vontade.
Então lembra-te do que Eu disse a Pedro: ««Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.» (Mt 18, 22)

- Mas eu não consigo, Senhor, não tenho amor em mim que chegue para esse perdão!

E novamente ouviu:
Percebes então porque vos digo para que Me amem acima de tudo?
É porque só no Meu amor e com o Meu amor tereis amor suficiente para vos amardes uns aos outros, e assim vos poderdes perdoar, mesmo nas piores ofensas.

- Ah, Senhor, dá-me então do Teu amor para eu poder perdoar, pois não quero viver no rancor nem no ressentimento que envenenam a vida.

- O teu desejo de perdoar é o primeiro passo para poderes perdoar.
Agora pede por aquele que te ofendeu, mesmo que isso te custe e até te pareça que não é muito sincero. À medida que o fores fazendo o amor, o Meu amor, irá sarando a ofensa, irá abrindo o teu coração ao perdão e, finalmente, poderás perdoar e perceber o outro como teu irmão em Mim.

- Obrigado, Senhor, acredito que sim, porque já sinto dentro de mim a paz que necessito para poder ter uma primeira conversa com o meu ofensor e sinto, por Tua graça, que o amor e o perdão tomarão conta de mim e eu perdoarei a quem me ofendeu.

Saiu da igreja e caminhou apressado, com um sorriso nos lábios, ao encontro daquele que o tinha ofendido, (pelo qual rezou em surdina um Pai Nosso), sentindo uma paz e serenidade que há muito não sentia.

Dentro de si apenas repetia:
Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!


Monte Real, 14 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

O Papa: o cristão é um apóstolo humilde, não vaidoso

 
 
Na Audiência Geral, Francisco continuou a sua catequese sobre a paixão de evangelizar e esclareceu o que significa ser apóstolo hoje: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos têm tarefas diferentes, mas um chamamento comum à missão, mesmo para aqueles que ocupam os cargos mais altos no Igreja é chamada para servir.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco prosseguiu com a catequese sobre a paixão de evangelizar, na Audiência Geral desta quarta-feira (15/03), realizada na Praça de São Pedro.

Na escola do Concílio Vaticano II, procuramos entender melhor o que significa “ser apóstolos” hoje em dia. Ser apóstolo significa ser "enviado para uma missão". Assim, o Cristo Ressuscitado envia os seus apóstolos ao mundo, "transmitindo-lhes a força que Ele mesmo recebeu do Pai e dando-lhes o seu Espírito".

A seguir, o Papa falou sobre outro aspeto fundamental do “ser apóstolo”: a vocação, ou seja, o chamamento. Foi assim desde o início: “Jesus chamou os que ele quis e eles foram até ele”. "Constituiu-os como um grupo, dando-lhes o título de "apóstolos", para estarem com Ele e enviá-los em missão", sublinhou Francisco. O mesmo aconteceu com São Paulo, “chamado a ser apóstolo”.

A vocação cristã é também vocação ao apostolado

A experiência dos Doze apóstolos e o testemunho de Paulo interpelam-nos também hoje. Convidam-nos a verificar as nossas atitudes, a verificar as nossas escolhas, as nossas decisões, com base nestes pontos fixos: tudo depende de um chamamento gratuito de Deus; Deus também nos escolhe para serviços que às vezes parecem sobrecarregar as nossas capacidades ou não corresponder às nossas expetativas. O chamamento recebido como um dom gratuito deve ser respondido gratuitamente.

O Concílio ensina que “a vocação cristã é também, pela sua própria natureza, vocação ao apostolado”. Trata-se de um chamamento comum aos que receberam o Sacramento da Ordem, às pessoas consagradas, e a cada fiel leigo, homem ou mulher, "é um chamamento a todos. O tesouro que recebeste como vocação cristã deves doá-lo. É a dinamicidade da vocação, é a dinamicidade da vida", frisou o Papa. "É um chamamento que nos permite desempenhar a nossa tarefa apostólica de maneira ativa e criativa, dentro da Igreja em que «há diversidade de ministério, mas unidade de missão».

A vocação cristã não é uma promoção para subir

No âmbito da unidade da missão, a diversidade de carismas e ministérios não deve dar lugar, no seio do corpo eclesial, a categorias privilegiadas. Não há promoção aqui, e quando concebes a vida cristã como uma promoção, que o de cima comanda os outros porque conseguiu subir, isto não é cristianismo. Isso é puro paganismo. A vocação cristã não é uma promoção para subir, não! Isto é outra coisa.

Existe algo maior, porque, embora «por vontade de Cristo, alguns sejam constituídos doutores, dispensadores dos mistérios e pastores a favor dos demais, reina, porém, a igualdade entre todos quanto à dignidade e quanto à atuação, comum a todos os fiéis, em benefício da edificação do corpo de Cristo». "Quem tem mais dignidade na Igreja: o bispo, o sacerdote? Não... Somos todos cristãos a serviço dos outros. Quem é mais importante na Igreja: a religiosa ou a pessoa comum, batizada, não batizada, a criança, o bispo...?

A vocação que Jesus dá é a do serviço

Todos são iguais, somos iguais e quando uma das partes se considera mais importante das outras e levanta um pouco o nariz, então, está errada. Esta não é a vocação de Jesus. A vocação que Jesus dá, a todos, mas também a quantos parecem estar em lugares mais elevados, é a do serviço, o serviço aos outros, a humilhação. Se encontrares uma pessoa que tem uma vocação mais elevada na Igreja, mas é vaidosa, então vs dizer: 'Coitada'! Reze por ela porque não compreendeu qual é a vocação de Deus. A vocação de Deus é a adoração do Pai, o amor à comunidade e o serviço. Isto é ser apóstolo, este é o testemunho dos apóstolos.

"Queridos irmãos e irmãs, estas palavras podem-nos ajudar a verificar o modo em que vivemos a nossa vocação batismal, como vivemos a nossa maneira de ser apóstolos numa Igreja apostólica que está ao serviço dos outros", concluiu Francisco.

VN

13 março 2023

Francisco: pelos meus dez anos como Papa, quero a paz como presente

 

 

 "Popecast", o Papa conta sua história em um podcast produzido pela mídia do Vaticano no décimo aniversário de seu pontificado: "Eu não pensava que seria o Papa na época da Terceira Guerra Mundial". "O momento mais bonito? O encontro com os idosos em São Pedro". O que eu não queria ter visto eram os meninos que morreram nos conflitos".

 

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

"A primeira palavra que me vem à cabeça é que parece que foi ontem"...

Santa Marta, no final da tarde. Esta não é uma entrevista, já existem muitas sobre este evento. São pensamentos que amarram o fio de um intenso período eclesial, seu pontificado. Dez anos: vividos em "tensão", diz ele, em um tempo maior que o espaço e que viu o suceder de encontros, viagens, rostos.

Francisco espera à porta, agarrado à bengala. Ele sorri ao microfone com o logotipo da mídia do Vaticano e pergunta: "Um podcast? O que é isso?". "Boa, vamos fazer isso", é a reação após a explicação. Então a pergunta: o que ele sente que está a compartilhar com o mundo por ocasião deste marco para a sua vida e o seu ministério?

O tempo é veloz - é apressado. E quando se quer agarrar o hoje, já é ontem. Viver assim é algo novo. Estes dez anos têm sido assim: uma tensão, viver em tensão

Ouça o "Popecast", o podcast no qual o Papa Francisco fala sobre o décimo aniversário do seu pontificado:

Das milhares de audiências, das centenas de visitas a dioceses e paróquias e das quarenta viagens apostólicas a cada canto do globo, o Papa guarda uma memória precisa no seu coração. Ele identifica-a como "o momento mais bonito": "O encontro na Praça de São Pedro com idosos", a audiência, ou seja, com avós de todo o mundo em 28 de setembro de 2014.

Os idosos são sábios e ajudam-me muito. Eu também sou idoso, não sou?

Houve vários momentos maus e todos relacionados com o horror da guerra. Primeiro as visitas aos cemitérios militares de Redipuglia e Anzio, a comemoração dos desembarques na Normandia, depois a vigília para evitar a guerra na Síria, e agora a barbárie que vem ocorrendo há mais de um ano na Ucrânia. Por trás das guerras está a indústria de armas, isto é diabólico", afirma Francisco.

Francisco não esperava que ele, um bispo que veio do fim do mundo, fosse o Papa que guiaria a Igreja universal no tempo da Terceira Guerra Mundial. Eu pensava que a Síria era uma coisa singular, depois vieram os outros".

Sofro muito ao ver os mortos, jovens - sejam russos ou ucranianos, não me importa – pois eles não voltarão. É difícil.

Jorge Mario Bergoglio não tem dúvidas, portanto, sobre o que pedir ao mundo como um presente para este importante aniversário: "Paz, precisamos de paz".

Assim, três palavras que correspondem aos "três sonhos" do Papa para a Igreja, para o mundo e para aqueles que governam o mundo, para a humanidade

Fraternidade, lágrimas, sorriso...

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12 março 2023

Papa: saciados com o amor de Jesus, ser capazes de saciar a sede dos outros

 
 Vista panorâmica da Praça de S. Pedro durante o Angelus 
 
"O Evangelho oferece hoje a cada um de nós a água viva que pode faz-nos tornar uma fonte de refrigério para os outros (...). Com a alegria de ter encontrado o Senhor poderemos saciar a sede dos outros; poderemos entender a sua sede e partilhar o amor que Ele nos deu."
 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

"Um dos encontros mais belos e fascinantes de Jesus": com estas palavras o Papa começou a sua alocução que precedeu a oração do Angelus deste III Domingo da Quaresma, inspirando-se no encontro de Jesus com a Samaritana, narrado no Evangelho de João (cf. Jo 4, 5-42).

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro num domingo primaveril, Francisco explica que "Jesus e os discípulos param perto de um poço em Samaria. Chega uma mulher e Jesus diz-lhe: «Dá-me de beber»". E é precisamente a partir destas palavras do versículo 8, "Dá-me de beber", que o Papa desenvolve sua reflexão: 

“A cena mostra-nos Jesus sedento e cansado, que se deixa encontrar pela samaritana no poço na hora mais quente, ao meio-dia, e como um mendigo pede um refrigério. É uma imagem do abaixamento de Deus, Deus abaixa-se em Jesus Cristo para a redenção, vem a nós. E no abaixamento de Deus em Jesus, Deus fez-se um de nós, abaixou-se; sedento como nós, sofre a mesma aridez que nós.”

Contemplando esta cena - observou o Papa - cada um de nós pode dizer:

O Senhor, o Mestre, pede-me de beber. Tem, portanto, sede como eu? Tem a minha sede? Estás realmente perto de mim, Senhor! Estás ligado à minha pobreza, não consigo acreditar nisso... tiraste-me de baixo, do mais baixo de mim mesmo, onde ninguém me alcança.

A sede de Jesus, de facto, não é somente física, mas "expressa as aridezes mais profundas da nossa vida: é sobretudo sede do nosso amor. Ele é mais que (um) mendigo, é "sedento" de nosso amor. E surgirá no momento culminante da paixão, na Cruz; ali, antes de morrer, Jesus dirá: "'Tenho sede'":

Mas o Senhor, que pede de beber, é Aquele que dá de beber: ao encontrar a Samaritana, fala-lhe da água viva do Espírito Santo, e da Cruz sai do seu lado trespassado sangue e água. Jesus, sedento de amor, sacia-nos de amor. E faz connosco como com a samaritana: vem ao nosso encontro na nossa vida quotidiana, partilha a nossa sede, promete-nos a água viva que faz brotar em nós a vida eterna.

O Papa destaca então um segundo aspeto do pedido "Dá-me de beber":

“Estas palavras não são apenas um pedido de Jesus à samaritana, mas um apelo – às vezes silencioso – que em cada dia se eleva em direção a nós e nos pede para cuidar da sede dos outros. Cuidar da sede dos outros. Dá-me de beber dizem-nos aqueles - na família, tantos, tantos no local de trabalho, tantos nos outros lugares que frequentamos – que têm sede de proximidade, de atenção, de escuta; diz-nos isto quem tem sede da Palavra de Deus e precisa de encontrar na Igreja um oásis onde beber água. Dá-me de beber é o apelo da nossa sociedade, onde a pressa, a corrida ao consumo e sobretudo a indiferença, esta cultura da indiferença geram aridez e vazio interior.”

E recordando que a nossa casa comum também está exausta  e sedenta, Francisco, pede para não nos esquecermos daqueles que não tem água para viver:

E - não esqueçamos - dá-me de beber é o grito de tantos irmãos e irmãs que não têm água para viver, enquanto se continua a poluir e desfigurar a nossa casa comum; e também ela, exausta e sedenta, "tem sede", aquela sede de amor que o levou a descer, a rebaixar-se, a esse abaixamento para ser um de nós.

Diante destes desafios, afirmou o Santo Padre, "o Evangelho oferece hoje a cada um de nós a água viva que pode-nos fazer tornar uma fonte de refrigério para os outros":

E então, como a samaritana, que deixou o seu cântaro junto ao poço e foi chamar os habitantes da cidade, também nós não pensaremos mais somente em aplacar a nossa sede, também a nossa sede intelectual ou cultural, mas com a alegria de ter encontrado o Senhor poderemos saciar a sede dos outros; dar sentido à vida dos outros, não como senhores, mas como servos desta Palavra de Deus que nos saciou, que continuamente nos sacia; seremos capazes de entender a sua sede e partilhar o amor que Ele nos deu.

Francisco disse então que lhe vinha à mente fazer a seguinte pergunta, a ele e a quem o ouvia:

Somos capazes de compreender a sede dos outros? A sede das pessoas, a sede de tantos da minha família, do meu bairro? Hoje podemo.nos interrogar: tenho sede de Deus, e quero perceber que preciso do seu amor como da água para viver? E depois: eu que tenho sede, preocupo-me com a sede dos outros, a sede espiritual, a material?

"Que Nossa Senhora  - disse ao concluir - interceda por nós e nos ampare no caminho."

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10 março 2023

A Igreja celebra os 10 anos do pontificado do Papa Francisco

 
 Papa Francisco  (VATICAN MEDIA Divisione Foto) 
 
Em 13 de março de 2013, há 10 anos, o cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio foi eleito à Cátedra de Pedro: primeiro Papa jesuíta e latino-americano, e eleito após a renúncia do seu antecessor. 
 

Carlos Moioli – Arquidiocese do Rio de Janeiro

Foi o primeiro Papa a escolher o nome de Francisco. Ele mesmo explicou o motivo: “Na eleição, eu tinha ao meu lado o arcebispo emérito de S. Paulo, um grande amigo (era Dom Cláudio Hummes, que recebeou o cardinalato na mesma data, em 21 de fevereiro de 2001). Quando a coisa começou a ficar um pouco perigosa, ele começou a tranquilizar-me. E quando os votos chegaram a 2/3, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, tinha sido eleito o Papa. Ele abraçou-me, beijou-me e disse: 'Não te esqueças dos pobres'. Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei-me de S. Francisco de Assis."

A perspetiva do seu pontificado partiu de baixo, com uma maior atenção às "periferias" existenciais e geográficas do mundo, como ponto de partida do seu modo de ser e agir. Ao convidar os fiéis a retomar o frescor original do Evangelho, pediu-lhes um maior fervor e dinamismo, para que o amor de Jesus pudesse chegar realmente a todos. A Igreja que Bergoglio queria era uma Igreja “em saída”, de portas abertas, um hospital de campanha, sem temer a “revolução da ternura e o milagre da delicadeza”.

Missas diárias na Casa Santa Marta

Papa Francisco começou o seu pontificado marcado pela novidade. A mais importante foi a de celebrar missas diárias na Casa Santa Marta, onde decidiu morar, em vez da Residência Apostólica. Esta foi mais uma novidade! Nas suas breves homilias, pronunciadas com rigor e estilo de pároco, procurou estabelecer um diálogo direto com os fiéis, exortando-os a um confronto imediato com a Palavra de Deus.

“Evangelii gaudium”, um texto programático do pontificado

No mesmo ano da sua eleição, Francisco surpreendeu a todos com a publicação de uma Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”: um verdadeiro “texto programático” do seu primeiro pontificado. No documento, o Santo Padre exorta a uma “nova evangelização”, caracterizada pela alegria, bem como à reforma das estruturas eclesiais e à conversão do Papado, para que sejam mais missionárias e próximas do sentido desejado por Jesus.

Migração

A primeira viagem como pontífice deu-se em 8 de julho de 2013, na ilha italiana de Lampedusa, porto de desembarques desesperados, onde acendeu os refletores globais sobre o drama da migração, tema importante do seu pontificado.

Em abril de 2016, ao voltar de uma visita ao campo de refugiados em Lesvos, na Grécia, o Papa trouxe consigo, no voo de retorno, 12 refugiados sírios, para que recebessem assistência e acolhimento em Roma.

Conselho de cardeais

Ainda em 2013, o Papa instituiu um "Conselho de cardeais" para estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica "Pastor bonus", sobre a Cúria Romana, que remonta ao ano de 1988.

A família

A família foi o foco central da pastoral do Papa Francisco, em 2014, à qual dedicou um Sínodo extraordinário. Para o Pontífice, a sociedade individualista contemporânea agride duramente a família, colocando em risco os direitos dos filhos e dos pais, sobretudo no âmbito da educação moral e religiosa. O tema da família teve o seu ápice na Exortação Apostólica "Amoris Laetitia", em 8 de abril de 2016, na qual Francisco destacou a importância e a beleza da família, com base no matrimónio indissolúvel entre o homem e a mulher; o documento trata, com realismo, das fragilidades de algumas pessoas, que se divorciam e casam de novo, incentivando os pastores ao discernimento.

Comissão para a Tutela dos Menores

Do ponto de vista das reformas, em 2014, foi muito significativa a instituição da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que tem o objetivo de propor iniciativas ao Pontífice sobre “a promoção e a responsabilidade das Igrejas particulares em relação à proteção de todos os menores e adultos vulneráveis”.

Diplomacia

Sobre a ação diplomática, o ano de 2014 foi caracterizado por duas grandes iniciativas do Papa Francisco: primeiro, a "Invocação pela Paz" na Terra Santa, em 8 de junho, nos Jardins do Vaticano, junto com os presidentes de Israel, Shimon Peres, e o da Palestina, Mahmoud Abbas; segundo, o restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba.

Salvaguarda da Criação

O ano 2015 foi dedicado à “salvaguarda da criação”: em 24 de maio, Francisco assinou a Encíclica "Laudato sì” sobre o cuidado da nossa Casa Comum, cujo ponto central foi a ecologia integral, em que a preocupação com a natureza, a equidade com os pobres e o compromisso da sociedade são inseparáveis. Por isso, o Pontífice instituiu o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, de cunho ecuménico, que se celebra todos os anos no dia 1 de setembro.

Jubileu Extraordinário da Misericórdia

O fio condutor do pontificado de Francisco, em 2016, foi, sem dúvida, a “misericórdia”, com proclamação do “Jubileu extraordinário da Misericórdia”, que se concretizou com as preocupações com os últimos, os mais pobres. “Decidi convocar um jubileu extraordinário que tenha o seu centro na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia”, disse.

Foi um Jubileu de ampla extensão, que deu a possibilidade de abrir uma “Porta Santa” em todas as igrejas do mundo e antes de abrir a Porta da Basílica Vaticana, o Papa Francisco abriu outra, muito simbólica: a Porta da Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, durante a sua viagem apostólica, em novembro de 2015.

Declaração conjunta

Em 2016, aconteceu um evento inédito: em 12 de fevereiro, o Pontífice encontrou-se em Cuba com o Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, Kirill. Ambos os líderes religiosos assinaram uma declaração conjunta, com a qual se comprometeram em responder aos desafios do mundo contemporâneo, inclusive o fim da perseguição aos cristãos e das guerras, promover o diálogo inter-religioso, ajudar os migrantes e refugiados e proteger a vida e a família.

Dia Mundial dos Pobres

O ano 2017 foi caracterizado pela celebração do primeiro Dia Mundial dos Pobres: um acontecimento que deveria ser – segundo o Papa - uma advertência de que “a presença de Jesus manifesta-se” sobretudo nos pobres: “eles abrem o caminho para o céu e são o nosso passaporte para o céu".

Sínodo sobre os Jovens

Em 2018, o Papa realizou o Sínodo sobre os Jovens em que lhes pediu para "escutar, serem próximos e testemunhar", porque "a fé é uma questão de encontro, não uma teoria". Este apelo tornou-se bem mais forte com a Exortação apostólica pós-sinodal "Christus vivit", em 2019.

Acordo com a China

Em 2018, no campo diplomático, deu-se o Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China, assinado em Pequim, em 22 de setembro, sobre a nomeação dos bispos. Em 2020, o acordo foi renovado por dois anos.

Luta contra os abusos

A luta contra os abusos teve o seu ápice em 2019, com um Encontro de Cúpula, no Vaticano, sobre a tutela dos menores, do qual nasceu o Motu próprio "Vos estis lux mundi", que obrigava os clérigos e religiosos a denunciar os abusos.

Fraternidade, paz e unidade dos cristãos

Em 2019, aconteceram três grandes eventos: primeiro, a assinatura do documento "Fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum", assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar, Ahamad al-Tayyeb, em Abu Dhabi, em 4 de fevereiro.

O segundo evento foi a realização de um retiro espiritual, no Vaticano, para os líderes civis e eclesiásticos do Sul do Sudão. O encontro espiritual deu-se em abril e concluiu-se com um ato impressionante: Francisco ajoelhou-se e beijou os pés do presidente e vice-presidente da República do Sudão do Sul para “implorar o fim definitivo da guerra” no jovem país africano.

O terceiro foi com vista à relação da unidade dos cristãos: no dia 29 de junho, Francisco doou alguns fragmentos das relíquias de S. Pedro a uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.

Reformas econômicas e financeiras

Em agosto de 2019, no âmbito das reformas, o Pontífice renovou, com um quirógrafo, o Estatuto do IOR (Banco do Vaticano), na qual deu origem, em 2020, ao Estatuto da Autoridade de Informação Financeira.

Economia de Francisco

Também em 2019, o Papa Francisco convidou os jovens do mundo inteiro para juntos discutirem uma proposta de economia sustentável para o planeta, o que ficou denominado de "Economia de Francisco". A pandemia atrasou os planos, mas o evento em âmbito global foi realizado em Assis, no mês de setembro 2022, com a presença do Papa e cerca de mil jovens economistas e empresários de mais de 120 países de todo o mundo.

Oração em plena pandemia

Em 2020, o ano e a fase mais crítica da pandemia da Covid-19, o Papa Francisco permaneceu ao lado dos fiéis mediante o poder da oração constante. No dia 27 de março, diante da Basílica Vaticana, numa paça de S. Pedro deserta e chuvosa, o Pontífice presidiu sozinho a "Statio Orbis" para o mundo inteiro.

Querida Amazónia

Em fevereiro de 2020, foi publicada a quinta Exortação Apostólica intitulada "Querida Amazónia", que reúne os frutos do Sínodo Especial para a Região Pan-Amazónica, realizado no Vaticano, em 2019.

Pacto Educativo Global

Para marcar os cinco anos da encíclica Laudato si', o Papa Francisco lançou a iniciativa de um pacto global na área da educação, que seria realizado no dia 14 de maio de 2020, no Vaticano.

A pandemia da Covid-19 fez adiar, mas o Santo Padre relançou o projeto em outubro do mesmo ano: “Queremos empenhar-nos corajosamente a dar vida a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias e iniciando também processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil”.

Encíclica “Todos Irmãos”

Em outubro de 2020, foi a vez da terceira Encíclica, "Todos Irmãos", que, mas pegadas salientes deste pontificado, apela à fraternidade e à amizade social e reitera o “não” decisivo às guerras, para a construção de um mundo melhor, com o esforço de todos.

Viagens apostólicas

Em 2021, mesmo com as restrições da pandemia, o Papa Francisco esteve no Iraque, de 5 a 8 de março, a Mesopotâmia e a terra abraâmica, realizando o sonho de muitos pontífices. A viagem apostólica teve como fruto o respeito ao diálogo inter-religioso com a maioria xiita e o encorajamento na fé dos cristãos locais.

Em setembro, o Papa também esteve em Budapeste, por ocasião da conclusão do 52° Congresso Eucarístico Internacional, e na Eslováquia. No início de dezembro, esteve em Chipre e na Grécia.

Ministério de Catequista

Com a publicação da Carta Apostólica “Antiquum ministerium” sob forma de “Motu Proprio”, de 10 de maio do ano de 2021, o Pontífice institui o Ministério de Catequista.

Liturgia Romana

Na publicação da Carta Apostólica “Traditionis custodes” também sob forma de Motu Proprio, em 16 de julho de 2021, na qual redefiniu o uso da Liturgia Romana anterior à Reforma de 1970.

Sínodo da Sinodalidade

No dia 10 de outubro de 2021, o Pontífice, na Basílica Vaticana presidiua a missa de inauguração dos caminhos do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontecerá em várias fases e culminará no Vaticano em 2023 (prolongado até 2024).

Consagração da Humanidade

Por ocasião da guerra na Ucrânia, O Santo Padre realizou na Basílica de S. Pedro, no dia 25 de março de 2022 – que foi estendido a todas as dioceses do mundo –, a celebração de penitência e o ato solene de Consagração da Humanidade, particularmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria.

Reforma da Cúria

O Papa Francisco emanou no dia 19 de março de 2022 a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que contém o plano para uma reforma orgânica da Cúria Romana, ou seja, de todas as estruturas administrativas da Igreja católica, com o objetivo de apoiar e renovar a sua dimensão espiritual.

Encontro das Famílias

O Papa Francisco encerrou no dia 25 de junho de 2022 o 10º Encontro Mundial das Famílias, na Praça de S. Pedro, com missa presidida pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Cardeal Kevin Farrel. Com fortes dores nos joelhos, o Santo Padre acompanhou e fez a homilia sentado à direita do altar.

Perdão Celestino

Na cidade italiana de L'Aquila, no dia 28 agosto de 2022, o Papa Francisco participou o Perdão Celestino, uma tradição secular, conhecida como Perdonanza Celestiniana. Francisco foi o primeiro Papa em 728 anos a abrir, na celebração anual instituída pelo Papa Celestino V, em 1294, a Porta Santa da Basílica de Santa Maria di Collemaggio.

Antecessores

No dia 4 de setembro de 2022, o Papa Francisco presidiu na Basílica de S. Pedro a beatificação do Papa João Paulo I, falecido em 1978. Pouco tempo depois, no dia 5 de janeiro de 2023, presidiu as exéquias do seu antecessor, o Papa emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos.

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Papa Francisco em números:

427 audiências gerais

552 orações do Ângelus ou Regina Coeli

790 homilias na Casa Santa Marta

76 cartas apostólicas, das quais 56 sob forma de Motu Proprio

39 constituições apostólicas

Viagens apostólicas: 40 internacionais e 28 na Itália

A primeira viagem apostólica do seu pontificado foi no Rio de Janeiro, de 22 a 29 de julho de 2013 por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. A próxima, a de número 41, será na Hungria, de 28 a 30 de abril, com o lema: “Cristo é nosso futuro”.

Santos e santas - Proclamou mais de 900 (incluindo os 800 mártires italianos de Otranto). Do Brasil, proclamou S. José de Anchieta, em 3 de abril de 2014; os 30 santos mártires de Cunhaú e Uruaçu (protomártires do Brasil), martirizados no Rio Grande do Norte, em 15 de outubro de 2017; e Santa Dulce dos Pobres, em 13 de outubro de 2019.

Encíclicas – 3:
Fratelli tuti (Todos irmãos), sobre a fraternidade a amizade social, em 3 de outubro de 2020
Laudato si' (Louvado sejas), sobre o Cuidado da Casa Comum, em 24 de maio 2015 
Lumen fidei (A luz da fé), sobre a fé cristã, de 29 de junho de 2013.

Exortações Apostólicas – 5:

Querida Amazônia, sobre a Amazónia, em 2 de fevereiro de 2020

Christus vivit (Ser para os outros), sobre o tema dos jovens, da fé e do discernimento vocacional, em 25 de março de 2019

Gaudete et exsultate (Alegrai-vos e exultai), sobre como viver a santidade, de 19 de março de 2018

Amoris laetitia (Alegria do amor), sobre o amor em família, em 19 de março de 2016

Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, em 24 de novembro de 2013

 

Consistórios para a criação de novos cardeais

(Convocou oito Consistórios e criou 121 cardeais, sendo 95 eleitores e 26 acima de 80 anos)

1º - 22/2/2014: criação de 19 cardeais, sendo três acima de 80 anos

2º - 14/2/2015: criação de 20 cardeais, sendo cinco acima de 80 anos

3º - 19/11/2016: criação de 17 cardeais, sendo quatro acima de 80 anos

4º - 28/06/2017: criação de cinco cardeais

5º - 29/06/2018: criação de 14 cardeais, sendo três acima de 80 anos

6º - 05/10/2019: criação de 13 cardeais, sendo três acima de 80 anos

7º - 28/11/2020: criação de 13 cardeais, sendo quatro acima de 80 anos

8º - 27/08/2022: criação de 20 cardeais, sendo quatro acima de 80 anos

 

Jubileus

Extraordinário - Jubileu da Misericórdia: proclamado pela Bula Misericordiae vultus (face da misericórdia), de 11 de abril de 2015, e realizado de 8 de dezembro de 2015, Festa da Imaculada Conceição, a 20 de novembro de 2016, Festa de Cristo Rei.

Ordinário -  Jubileu de 2025 - será o 27º jubileu ordinário da história da Igreja. O primeiro foi proclamado pelo Papa Bonifácio VIII, em 1300.

 

Convocação de Anos Especiais

Vida Consagrada (2015-2016) - com o objetivo de fazer memória, com gratidão; viver o presente, com paixão; e abraçar o futuro, com esperança
Ano de S. José (2020-2021) - proclamado no dia 8 de dezembro de 2020 com a publicação da carta apostólica “Patris corde” (coração de pai), no aniversário de 150 do pai putativo de Jesus como padroeiro da Igreja.

Ano da Família “Amoris Laetitia” (2021-2022) – em comemoração aos dois Sínodos sobre a Família

 

Dias ou eventos especiais

2014 – “24 horas para o Senhor” - a ser realizado na sexta-feira e no sábado que antecede o quarto domingo da Quaresma, para facilitar que os fiéis participem do Sacramento da Reconciliação

2015 - Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação - de cunho ecumênico, que se celebra, todos os anos, no dia 1° de setembro, instituído com o lançamento da Encíclica "Laudato si’, no dia 24 de maio de 2015.

2016 - Dia Mundial dos Pobres - como sinal concreto do Ano Santo da Misericórdia, a ser celebrado no 33º Domingo do Tempo Comum

2019 – Domingo da Palavra de Deus - no 3º Domingo do Tempo Comum. A celebração foi estabelecida pelo Motu Proprio “Aperuit illis", de 30 de setembro de 2019, por ocasião dos 1.600 anos da morte de S. Jerónimo, tradutor da Bíblia, que afirmou: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”.

2021 - Dia Mundial dos Avós e dos Idosos - a ser comemorado no quarto domingo de julho, próximo à festa de Sant'Ana e S. Joaquim (26 de julho), avós de Jesus e protetores de todos os avós


Ministérios

Com a publicação da Carta Apostólica “Antiquum ministerium” sob forma de “Motu Proprio”, de 10 de maio do ano de 2021, institui o Ministério de Catequista

Projetos especiais

Economia de Francisco - Convite do Papa aos jovens economistas, empreendedores e agentes de mudança do mundo para lançar as bases de uma nova economia, mais justa, equa e fraterna.

Pacto Educativo Global - promoção de um caminho educativo de amadurecimento de uma solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora


Festas litúrgicas

Festa litúrgica de Santa Maria Madalena - testemunha da ressurreição e primeira apóstola -, a ser celebrada no dia 22 de julho –, foi instituída no dia 3 de junho de 2016, durante o Jubileu da Misericórdia.

Memória da Virgem Maria Mãe da Igreja – a ser celebrada na primeira segunda-feira após Pentecostes. Foi inserido no Calendário Litúrgico no dia 21 de maio de 2018 (cf. Decreto “Ecclesia Mater”, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 11 de fevereiro de 2018 e publicado no dia 3 de março de 2018)


Jornada Mundial da Juventude

O Papa Francisco foi protagonista de 3 edições da Jornada Mundial da Juventude, e participará na próxima, em Portugal.

2013 – 22 a 29 de julho – Rio de Janeiro, no Brasil, com o tema: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19)

2016 - 26 a 31 de julho – Cracóvia, na Polónia, com o tema: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançaram a misericórdia” (Mt 5,7)

2019 - 22 a 27 de janeiro - Cidade do Panamá, no Panamá, com o tema: “Eis a serva do Senhor; Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra” (Lc 1,38)

2023 - 1 a 6 de agosto – Lisboa, em Portugal, com o tema “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39)

 

Sínodos dos Bispos

1 - Família - de 5 a 19 de outubro de 2014 - III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos: “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”

2 - Família – de 4 a 25 de outubro de 2015 - XIV Assembleia Geral Ordinária: “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”

3 - Jovens – de 3 a 28 de outubro de 2018 - XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”

4 - Amazónia – de 6 a 27 outubro 2019 - Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazónica: “Amazônia, novos caminhos para a Igreja e para uma nova ecologia integral”

5 – Sinodalidade – de 10 de outubro de 2021 a outubro de 2023 (foi prolongado para 2023) – XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”


Carlos Moioli

Fonte: Vatican News