Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Um Deus com coração de pai e mãe, que sofre quando nos distanciamos dele, quando nos perdemos, mas que continuamente vela por nós, espera o nosso retorno para nos ter nos seus braços.
Jesus a fazer a refeição com os pecadores: escândalo para fariseus e escribas, ao mesmo tempo a revelação de que Deus "não exclui ninguém, deseja todos no seu banquete, porque ama a todos como filhos".
Três parábolas da misericórdia que resumem o coração do Evangelho: Deus é Pai e vem à nossa procura sempre que nos perdemos.
"Inquietação pela falta"
Inspirado no Evangelho de Lucas da liturgia do dia, o Papa convidou
os milhares de peregrinos e turistas reunidos na Praça de São Pedro para o Angelus dominical - a também a nós -, a prestar atenção na "inquietação pela falta",
aspeto comum aos protagonistas das parábolas: um pastor que procura a
ovelha perdida, uma mulher que encontra a moeda perdida e o pai do filho
pródigo.
Os três - explicou Francisco - fizessem-se alguns cálculos, poderiam ficar tranquilos: "ao pastor falta uma ovelha, mas tem outras noventa e nove; à mulher uma moeda, mas tem outras nove; e também o Pai tem outro filho, obediente, a quem se dedicar. Por que pensar no outro que se foi, para viver uma vida desregrada?" Mas nos seus corações, "existe uma inquietação por aquilo que falta: a ovelha, a moeda, o filho que se foi embora."
Deus sofre quando nos distanciamos d'Ele
Irmãos e irmãs - disse o Papa - Deus é assim:
Ele não fica "tranquilo" se nos afastamos d'Ele, ele sofre, treme no seu íntimo; e sai à nossa procura, até que nos traga de volta nos seus braços. O Senhor não calcula as perdas e os riscos, tem um coração de pai e de mãe, e sofre com a falta dos filhos amados. "Mas por que sofre se este filho é um desgraçado, foi-se embora?" Sofre, sofre. Deus sofre com a nossa distância e, quando nos perdemos, espera o nosso retorno. Recordemo-nos: Deus sempre espera-nos sempre, Deus esp-nos sempre de braços abertos, qualquer que seja a situação de vida em que nos perdemos. Como diz um Salmo, ele não adormece, ele vela sempre por nós.
Rezar e ter compaixão por quem se afastou
Como costuma fazer nas suas reflexões, o Papa faz o convite para olharmos para nós mesmos e nos perguntarmos:
Imitamos o Senhor nisto, ou seja, temos a inquietação pela falta? Temos saudades de quem está ausente, dos que se afastaram da vida cristã? Carregamos essa inquietação interior ou permanecemos calmos e imperturbáveis entre nós? Noutras palavras, quem falta nas nossas comunidades, realmente faz-nos falta ou fazemos de conta e não toca o coração? Quem falta na minha vida, realmente faz falta? Ou estamos bem entre nós, tranquilos e felizes nos nossos grupos -"não, vou a um grupo apostólico, muito bom...-, sem nutrir compaixão por quem está distante? Não se trata somente de estar “aberto aos outros”, é Evangelho! O pastor da parábola não disse: "Já tenho noventa e nove ovelhas, quem me faz ir procurar a perdida, a perder tempo?" Ao invés disso Ele, foi.
Neste sentido, a exortação a fazermos uma reflexão sobre as nossas relações:
Eu rezo por quem não acredita, por quem está longe, por quem está amargurado? Atraímos os distantes pelo estilo de Deus, este estilo de Deus que é proximidade, compaixão e ternura? O Pai pede que estejamos atentos aos filhos que mais lhe fazem falta. Pensemos em alguém que conhecemos, que está ao nosso lado e que talvez nunca tenham ouvido alguém dizer: “Sabe? Tu és importante para Deus”. "Mas, por favor, eu estou em situação irregular, fiz isto errado, mais aquilo...". Tu és importante para Deus: dizer isto. Tu não o procuras, mas Ele procura-te.
Deixarmo-nos inquietar
Deixemo-nos inquietar, que sejamos homens e mulheres de coração inquieto, deixemo-nos inquietar por estas interrogações e rezemos a Nossa Senhora, mãe que não se cansa de nos procurar e de cuidar de nós, seus filhos.
VN
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