Vicentina, um Centro Social Paroquial e uma Misericórdia testemunham as dificuldades dos dois anos de pandemia, agravadas agora pela guerra na Ucrânia, e como procuraram “estar sempre” do lado de quem mais precisa. Cardeal-Patriarca de Lisboa encontrou-se com Pastoral Sócio-Caritativa da diocese, destacando a “enormíssima coragem” destas instituições.
Vicentinos disponíveis
“A
Sociedade de São Vicente Paulo está disponível para qualquer auxílio”. A
garantia é deixada ao Jornal VOZ DA VERDADE por Adelina Almeida, da
Conferência Vicentina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima da Amadora.
Vicentina há 30 anos, Adelina lembra que a Amadora “é uma área muito,
muito carenciada”, e com “uma grande multiculturalidade, imensas raças”.
“Atualmente, ajudamos mais de 500 famílias, só no centro da Amadora”,
destaca. “Ainda não nos chegaram muitos ucranianos, vão chegar
certamente a nível oficial e fixar-se em determinadas áreas, e nós
estamos disponíveis para apoiar em tudo o que seja necessário”,
assegura. Cada Conferência Vicentina está localizada junto às paróquias,
“de uma maneira geral”, e a Sociedade de São Vicente Paulo “está
disponível para qualquer auxílio”. “Cada Conferência tem uma panóplia de
ações. Não somos distribuidores de alimentos, mas damos alimentos
dando-nos a quem mais necessita. O nosso ponto fundamental é o dar com o
coração, dar individualmente e não coletivamente”, salienta Adelina
Almeida, lembrando também a importância do “saber falar, saber ouvir,
saber escutar”.
Esta vicentina antecipa “mais carências”, fruto da
pandemia e da guerra na Ucrânia. “Está a ser muito difícil e penso que
vai ser ainda mais. Estamos muito preocupados, porque na verdade temos
que ajudar os ucranianos – isso é fundamental –, mas também não podemos
deixar na totalidade todas as carências que existem atualmente. Porque
se deixarmos de apoiar as famílias…”, realça esta vicentina.
Trabalho articulado
Em
Peniche, o Centro Social Padre Bastos inaugurou o novo lar no final do
ano passado e as antigas instalações, com mais de 50 anos, vão agora
sofrer obras para receber refugiados ucranianos. “A intenção do nosso
pároco é fazer, no antigo lar, o centro pastoral e todos os serviços,
mas numa das alas, a Ala de São José, vamos poder acolher 30 famílias
ucranianas. Já tirámos todo o mobiliário, com voluntariado e escuteiros,
e agora, juntamente com a Câmara de Peniche, vamos fazer obras para dar
uma cara lavada e acolhermos os refugiados com carinho. Queremos
mostrar-lhes que nos preocupamos com eles e queremos que se sintam em
casa”, explica Jofre Pereira, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Em março, o
Centro Social Padre Bastos tinha também “emprestado uma carrinha” a uma
instituição de Alenquer, “que foi à Polónia buscar refugiados
ucranianos”, numa missão “que correu bem”. Esta instituição tem feito
também “a recolha e envio de alimentos e bens de primeira necessidade
para a Ucrânia”. “Queremos fazer as coisas bem feitas, vamos agindo
conforme as necessidades e articulando com todos, para dar uma resposta
integral”, garante Jofre.
Este responsável não esconde que “a
pandemia foi um período muito difícil”, com “muitas dificuldades
internas e financeiras”, e com “um grande aumento de pedidos de
auxílio”, na “cantina social”, no “banco alimentar” e no “FEAC - Fundo
Europeu de Apoio a Carenciados”. Jofre destaca “o trabalho articulado”
com “o Município de Peniche”, com os “grupos da paróquia” e com “muitos
outros grupos” desta terra, como “o grupo Motard e o Rotary Club”, o que
mostra como “as pessoas reconheceram o trabalho” do centro social
paroquial. “A comunidade deu-nos apoio. Sozinhos, não conseguimos fazer
nada. Em conjunto é que somos mais eficazes”, garante.
Parcerias
Na
Santa Casa da Misericórdia de Oeiras (SCMO), os dois anos de pandemia
têm sido “altamente desafiantes”. “Ainda ontem, em Assembleia Geral da
Misericórdia, partilhava que foram dois anos em que acabámos por crescer
imenso, a todos os níveis. Crescemos no número de pessoas que apoiamos e
crescemos como instituição, porque verificámos que as pessoas se
sentiram desafiadas a ajudar mais”, frisa Luís Bispo, ao Jornal VOZ DA
VERDADE, lembrando “o desafio” feito aos funcionários, para “irem fazer
outro tipo de serviços, nomeadamente no apoio aos idosos e na
distribuição das refeições”. “As pessoas aderiram voluntariamente e
foram para o terreno e fazer compras. Foi fantástico”, conta,
destacando, ainda, “o apoio da sociedade civil em termos de donativos”.
“Fomos procurados por algumas empresas e particulares que queriam saber
como podiam ajudar”, refere.
Sobre a guerra na Ucrânia, este
responsável sublinha que a SCMO mostrou “às instituições”, nomeadamente
“à Câmara e à Segurança Social”, a “disponibilidade para acolher
refugiados”. Algo que já aconteceu no Hostel Social de gestão partilhada
entre a Misericórdia de Oeiras e o Município, que foi inaugurado em
meados do ano passado. “Um piso inteiro desse espaço, para acolhimento
de emergência, está disponibilizado para os refugiados da Ucrânia e
temos já três famílias”, salienta Luís Bispo, enaltecendo também “a
disponibilidade de pessoas que estão identificadas e que podem acolher
refugiados em suas casas”. Nos 15 infantários da SCMO houve também
“acolhimento de crianças ucranianas”. “Mobilizámos a comunidade escolar e
os pais para a recolha de bens essenciais e canalizámos para o ponto de
concentração que a Câmara criou e daí saiu, sobretudo, para a Roménia”,
descreve.
Patriarcado de Lisboa
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