Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (06/02), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro.
A liturgia deste domingo leva-nos às margens do Lago da Galileia. "A multidão aglomerou-se ao redor de Jesus enquanto alguns pescadores desiludidos, incluindo Simão Pedro, lavam as suas redes depois de uma noite má de pesca. Eis que Jesus entra no barco de Simão; depois, convida-o a ir e a lançar de novo as redes", disse o Pontífice, convidando-nos a refletir sobre estas duas ações de Jesus: primeiro ele entra no barco e depois convida a avançar para o lago.
"Jesus entra no barco de Simão. Para fazer o que? ", perguntou o Papa. "Para ensinar", respondeu ele. "Ele pede aquele barco, que não está cheio de peixe e voltou à margem vazio, depois de uma noite de trabalho e desilusão. É uma bela imagem para nós também", disse ainda Francisco.
Todos os dias o barco da nossa vida deixa as margens da nossa casa para navegar no mar das atividades quotidianas; todos os dias tentamos "pescar distante", cultivar sonhos, levar adiante os projetos, viver o amor nas nossas relações. Mas, muitas vezes, como Pedro, vivemos a "noite de redes vazias", a desilusão de trabalhar tanto e não ver os resultados desejados: "Tentamos a noite inteira, e não pescamos nada". Quantas vezes nós também ficamos com uma sensação de derrota, enquanto desilusão e amargura nascem no coração. Dois carunchos perigosos.
"O que então faz o Senhor? Escolhe entrar no nosso barco", pois "de lá ele quer anunciar o Evangelho", frisou o Papa.
Aquele barco vazio, símbolo da nossa incapacidade, torna-se a "cátedra" de Jesus, o púlpito de onde proclama a Palavra. O Senhor ama fazer isto: o Senhor é o Senhor das surpresas, dos milagres nas surpresas; entrar no barco da nossa vida quando não temos nada para oferecer-lhe; entrar nos nossos vazios e enchê-los com a sua presença; usar a nossa pobreza para anunciar a sua riqueza, nas nossas misérias para proclamar a sua misericórdia. Lembremo-nos disto: Deus não quer um navio de cruzeiro, basta-lhe um pobre barco "em ruínas", desde que o acolhamos, sim acolhê-lo. Não importa qual barco, mas acolhê-lo.
"Mas nós deixamo-Lo entrar no barco de nossa vida? Colocamos à sua disposição o pouco que temos?", perguntou ainda o Papa. "Às vezes sentimo-nos indignos dele porque somos pecadores. Mas esta é uma desculpa que o Senhor não gosta, porque o afasta de nós! Ele é o Deus da proximidade, da compaixão, da ternura e não procura o perfeccionismo, procura o acolhimento." Segundo o Papa, Deus diz-te também: "Deixe-me entrar no barco da tua vida". "Mas, Senhor, olha... ". Deixa-me entrar assim como ela é". Pensemos!", sublinhou Francisco.
Assim, o Senhor reconstrói a confiança de Pedro. Entrando no barco, depois de ter pregado, disse-lhe: "Avanca para águas mais profundas". "Não era um momento propício para pescar, mas Pedro confia em Jesus. Não se baseia nas estratégias dos pescadores, que ele conhecia bem, mas baseia-se na novidade de Jesus. Aquele encanto que o movia a fazer o que Jesus lhe dizia. Para nós também é assim: se acolhermos o Senhor no nosso barco, poderemos avançar", sublinhou o Papa, reiterando que "com Jesus navega-se no mar da vida sem medo, sem ceder à desilusão quando nada se pesca e sem se render ao 'não há mais nada que possa ser feito'".
Sempre, tanto na vida pessoal quanto na da Igreja e da sociedade, há algo bonito e corajoso que pode ser feito, sempre. Podemos sempre recomeçar, o Senhor convida-nos sempre a voltar ao jogo porque Ele abre novas possibilidades. Portanto, aceitemos o convite: afastemos o pessimismo e a desconfiança e partamos com Jesus! Até o nosso pequeno barco vazio testemunhará uma pesca milagrosa.
O Papa concluiu, pedindo a Maria, que acolheu o Senhor no barco da vida, para que nos encoraje e interceda por nós.
VN
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