27 fevereiro 2022

Francisco: calem-se as armas, quem faz a guerra esquece a humanidade

 
  Angelus - Praça São Pedro  (Vatican Media)  
 
Depois do Angelus, novo apelo do Papa pela Ucrânia: as pessoas simples desejam a paz mas pagam na própria pele pelas loucuras da guerra, corredores humanitários são necessários para aqueles que procuram refúgio. Recordando os conflitos na Síria, Etiópia e Iemen: "Deus está com os construtores de paz, não com aqueles que usam a violência".
 

Alessandro De Carolis – Vatican News

Uma voz contra o barulho dos mísseis, que o crepitar das armas não enfraquece. É uma voz sobre uma grande praça, mas acima de tudo sobre as consciências, a de Francisco. Não ouvida por aqueles que estão a derramar sangue e transformando um pedaço da Europa num campo de batalha, mas que não recua:

Nestes dias, ficamos abalados por algo trágico: a guerra. Muitas vezes rezamos para que este caminho não fosse percorrido. E não paramos de falar; pelo contrário, suplicamos a Deus com mais intensidade.

 

 Angelus Praça São Pedro 

 

A verdadeira vítima, o povo

A mensagem do Papa no pós-Angelus é um refrão que liga todos os últimos apelos. A guerra desencadeada pela Rússia na Ucrânia torna ainda mais urgente a convocação, na Quarta-feira de Cinzas, de um Dia de oração e jejum para que a paz possa retornar onde pessoas indefesas procuram refúgio ou morrem, onde "as mães estão em fuga com os seus filhos...". Rezaremos, é o convite de Francisco, "para sentir que somos todos irmãos e irmãs e para implorar a Deus o fim da guerra".

Quem faz a guerra esquece a humanidade. Não parte do povo, não olha para a vida concreta das pessoas, mas coloca diante de tudo interesses de parte e de poder. Baseia-se na lógica diabólica e perversa das armas, que é a mais distante da vontade de Deus. E distancia-se das pessoas comuns, que deseja a paz; e que em cada conflito - pessoas comuns - são as verdadeiras vítimas, que pagam as loucuras da guerra com a própria pele.

 

 Angelus Praça São Pedro 

 

Pedaços de guerras que não devem ser esquecidos

Para os idosos, as crianças, as pessoas que procuram refúgio, "é urgente - insistiu Francisco - abrir corredores humanitários", eles são irmãos e irmãs "que devem ser acolhidos". E mais uma vez a voz se move sobre o mundo das guerras "em pedaços".

Com o coração dilacerado pelo que está a acorrer na Ucrânia - e não esqueçamos as guerras noutras partes do mundo, como no Iêmen, na Síria, na Etiópia... -, repito: calem-se as armas! Deus está com os construtores de paz, não com aqueles que usam a violência.

"Porque aqueles que amam a paz", concluiu o Papa, citando a Constituição italiana, "repudiam a guerra como instrumento de ofensa à liberdade de outros povos e como meio de resolver disputas". As bandeiras de muitos ucranianos na Praça de S. Pedro balançaram em sinal de agradecimento ao Papa. E Francisco saudou-os no seu idioma: Хвала Ісусу Христу, "Louvado seja Jesus Cristo".

VN

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