O diretor da Pastoral da Saúde do Patriarcado de Lisboa, padre Fernando Sampaio, considera que a pandemia “mudou a assistência espiritual e religiosa hospitalar” e garante ser “possível fazer diferente”, para que “os doentes não estejam tão sós” e tenham “mais acompanhamento”. No contexto do Dia Mundial do Doente (11 de fevereiro), conheça ainda o testemunho do padre Miguel Ribeiro, nomeado há um mês capelão do Hospital de Cascais, onde vive a sua primeira experiência nesta área.
“A
pandemia teve um efeito muito grande ao nível geral da população e nos
serviços, e naturalmente também na assistência espiritual e religiosa.
Por um lado, interpelou-nos bastante no sentido das necessidades
espirituais dos doentes e, por outro, as dificuldades no acesso aos
doentes, por causa dos contágios, trouxe-nos outro conjunto de problemas
que têm a ver com os doentes não estarem acessíveis e, portanto, nós
não os podermos visitar. Houve uma redução da própria assistência
espiritual”, refere, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o diretor da Pastoral da
Saúde do Patriarcado de Lisboa e capelão no Hospital de Santa Maria, o
maior hospital do país. O padre Fernando Sampaio fala mesmo da
“necessidade de repensar a assistência espiritual”, para “ajudar mais os
doentes”. “São fatores que nos interpelam fortemente, porque sendo nós
pessoas humanas e trazendo a pandemia um conjunto de medos e
interpelações, inclusivamente a nível espiritual, não sei como isto
poderia ser transformado no futuro, mas é necessário repensar tudo
isso”, considera, a partir da sua experiência de quase três décadas como
capelão hospitalar.
Mais acompanhamento
Dos
dois anos de pandemia, o padre Sampaio garante que “muitos doentes se
sentiram sós, sentiram solidão, sobretudo os mais velhos”. “Isso não
contribuiu para a saúde mental dos doentes, nem sequer para a saúde
espiritual. Nós, ao nível da assistência espiritual, fizemos o que foi
possível, dentro dos condicionamentos e das limitações”, garante. Neste
sentido, assume que, “olhando para trás, ultrapassando o medo inicial e
tendo a experiência” adquirida, será “possível fazer diferente”, para
que “os doentes não estejam tão sós” e tenham “mais acompanhamento”.
“Naturalmente que os doentes foram muito bem acompanhados sob o ponto de
vista da saúde física, mas a saúde psicológica e a saúde espiritual
ficaram para trás em muitas circunstâncias. Nesse sentido, acho que há
muito a fazer”, sublinha.
O capelão, de 64 anos, considera que,
durante a pandemia, “o que fez a diferença foram as chamadas que vieram
das famílias ou diretamente das paróquias”. “Há que acentuar o papel
importante que as famílias têm na promoção da espiritualidade dos seus
doentes”, aponta, destacando, por outro lado, que “os profissionais de
saúde” chamavam os capelães, mas procuravam ir mais além. “Muitas vezes,
os próprios profissionais, desdobrando-se, faziam companhia ao doente e
preocupavam-se com os doentes que estavam mais necessitados de apoio
humano. Achei isso espantoso”, enaltece.
Este sacerdote pede ainda
uma reflexão, “da comunidade em geral”, para que “as coisas não sejam
tão graves ao nível da saúde mental”. “Creio que é necessário olhar
também a saúde mental e a saúde espiritual dos doentes, para que, ao
sairmos da pandemia, as coisas não estejam complicadas a este nível,
quer para os familiares, quer para os doentes”, ambiciona.
- Leia o artigo completo na edição do dia 6 de fevereiro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.
Patriarcado de Lisboa
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