04 fevereiro 2022

Dia Mundial do Doente: Repensar o acompanhamento aos doentes

 

 

O diretor da Pastoral da Saúde do Patriarcado de Lisboa, padre Fernando Sampaio, considera que a pandemia “mudou a assistência espiritual e religiosa hospitalar” e garante ser “possível fazer diferente”, para que “os doentes não estejam tão sós” e tenham “mais acompanhamento”. No contexto do Dia Mundial do Doente (11 de fevereiro), conheça ainda o testemunho do padre Miguel Ribeiro, nomeado há um mês capelão do Hospital de Cascais, onde vive a sua primeira experiência nesta área.

“A pandemia teve um efeito muito grande ao nível geral da população e nos serviços, e naturalmente também na assistência espiritual e religiosa. Por um lado, interpelou-nos bastante no sentido das necessidades espirituais dos doentes e, por outro, as dificuldades no acesso aos doentes, por causa dos contágios, trouxe-nos outro conjunto de problemas que têm a ver com os doentes não estarem acessíveis e, portanto, nós não os podermos visitar. Houve uma redução da própria assistência espiritual”, refere, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o diretor da Pastoral da Saúde do Patriarcado de Lisboa e capelão no Hospital de Santa Maria, o maior hospital do país. O padre Fernando Sampaio fala mesmo da “necessidade de repensar a assistência espiritual”, para “ajudar mais os doentes”. “São fatores que nos interpelam fortemente, porque sendo nós pessoas humanas e trazendo a pandemia um conjunto de medos e interpelações, inclusivamente a nível espiritual, não sei como isto poderia ser transformado no futuro, mas é necessário repensar tudo isso”, considera, a partir da sua experiência de quase três décadas como capelão hospitalar.

Mais acompanhamento
Dos dois anos de pandemia, o padre Sampaio garante que “muitos doentes se sentiram sós, sentiram solidão, sobretudo os mais velhos”. “Isso não contribuiu para a saúde mental dos doentes, nem sequer para a saúde espiritual. Nós, ao nível da assistência espiritual, fizemos o que foi possível, dentro dos condicionamentos e das limitações”, garante. Neste sentido, assume que, “olhando para trás, ultrapassando o medo inicial e tendo a experiência” adquirida, será “possível fazer diferente”, para que “os doentes não estejam tão sós” e tenham “mais acompanhamento”. “Naturalmente que os doentes foram muito bem acompanhados sob o ponto de vista da saúde física, mas a saúde psicológica e a saúde espiritual ficaram para trás em muitas circunstâncias. Nesse sentido, acho que há muito a fazer”, sublinha.
O capelão, de 64 anos, considera que, durante a pandemia, “o que fez a diferença foram as chamadas que vieram das famílias ou diretamente das paróquias”. “Há que acentuar o papel importante que as famílias têm na promoção da espiritualidade dos seus doentes”, aponta, destacando, por outro lado, que “os profissionais de saúde” chamavam os capelães, mas procuravam ir mais além. “Muitas vezes, os próprios profissionais, desdobrando-se, faziam companhia ao doente e preocupavam-se com os doentes que estavam mais necessitados de apoio humano. Achei isso espantoso”, enaltece.
Este sacerdote pede ainda uma reflexão, “da comunidade em geral”, para que “as coisas não sejam tão graves ao nível da saúde mental”. “Creio que é necessário olhar também a saúde mental e a saúde espiritual dos doentes, para que, ao sairmos da pandemia, as coisas não estejam complicadas a este nível, quer para os familiares, quer para os doentes”, ambiciona.

  • Leia o artigo completo na edição do dia 6 de fevereiro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.

 Patriarcado de Lisboa

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