01 março 2021

Papa Francisco: no pobre que encontramos está o amor de irmão

 
 Francisco na audiência com a Associação Italiana de Florença 
 
 
O Pontífice recebeu em audiência nesta segunda-feira (1), no Vaticano, representantes do Centro Franciscano de Solidariedade da cidade italiana de Florença que atuam junto a idosos, deficientes e famílias que se encontram em condições económicas e sociais difíceis. “Um sinal concreto de esperança”, disse o Papa, que “desperta as consciências adormecidas e convida-nos a sair da indiferença, a ter compaixão por quem está ferido, a curvar-mo-nos com ternura sobre quem está esmagado pelo peso da vida”. Um verdadeiro estilo de Deus e de obras como a da associação que primam pela proximidade, compaixão e ternura.

Andressa Collet – Vatican News

A última semana de fevereiro foi de retiro individual em oração com os Exercícios Espirituais de Quaresma. Já nesta segunda-feira (1), o Papa Francisco começa o mês de março cumprindo agenda no Vaticano, na semana que também marca o retorno das viagens apostólicas internacionais com a visita ao Iraque a partir de sexta-feira (5).

Uma das audiências oficiais do dia foi com uma delegação do Centro Franciscano de Solidariedade da cidade italiana de Florença. Em discurso, o Papa começou por recordar o “precioso serviço de escuta e de proximidade” da associação realizado há quase 40 anos com famílias que se encontram em condições económicas e sociais difíceis, e com pessoas idosas ou deficientes que precisam de apoio e companhia.

“Gostaria de dizer, antes de mais nada, ‘obrigado’ por isso. Num mundo que tende a correr em duas velocidades, que por um lado produz riqueza, mas por outro gera desigualdade, vocês são uma obra de assistência eficaz, baseada no voluntariado, e, aos olhos da fé, estão entre aqueles que semeiam o Reino de Deus.”

A proximidade às feridas humanas

Francisco, então, comparou o trabalho da associação à obra de Jesus neste mundo, já que Ele veio para anunciar o Reino do Pai e “aproximou~se com compaixão das feridas humanas”, disse o Papa, ficando “especialmente próximo dos pobres, dos marginalizados e descartados, dos desencorajados, dos abandonados e dos oprimidos”:

“Assim, Cristo nos revelou o coração de Deus: é um Pai que quer proteger - Deus é um Pai que quer proteger a todos, defender e promover a dignidade de cada um dos seus filhos e filhas, e que nos chama a construir as condições humanas, sociais e económicas para que ninguém seja excluído ou pisado nos seus direitos fundamentais, para que ninguém tenha que sofrer por falta do pão material ou por solidão.”

Uma obra inspirada em São Francisco de Assis

A associação italiana, que nasceu em 1983, deu vida a uma iniciativa das Ordens Franciscanas Seculares de Florença pertencentes às três famílias de Frades Menores, Conventuais e Capuchinhos, com um trabalho de caráter assistencial para ajudar as pessoas com dificuldades tanto material como espiritual. De facto, atualmente eles recolhem e distribuem roupas usadas, oferecem um centro de escuta e dão apoio a idosos e deficientes no espírito do amor fraterno típico de São Francisco.

O Papa, no discurso, recordou justamente a inspiração da associação no “testemunho luminoso” do Pobrezinho de Assis, “que praticou a fraternidade universal” e "em todos os lugares semeou a paz e caminhou ao lado dos pobres, dos abandonados, dos doentes, dos descartados, dos últimos" (Encíclica Fratelli tutti, 2). Um trabalho, acrescentou o Pontífice, caracterizado como “um sinal concreto de esperança”, sobretudo, perante “a vida agitada da cidade, onde tantos se encontram sozinhos com a sua pobreza e sofrimento”. É um sinal que “desperta as consciências adormecidas”, enfatizou o Papa, “e convida-nos a sair da indiferença, a ter compaixão por quem está ferido, a curvar-mo-nos com ternura sobre quem está esmagado pelo peso da vida”. Estas são, então, concluiu Francisco, as três palavras que constituem o estilo de Deus e que deveria ser tão como o vosso: de proximidade, compaixão e ternura. 

“Queridos amigos, vão em frente com coragem no trabalho! Peço ao Senhor que vos sustente, porque sabemos que o nosso bom coração e a nossa força humana não são suficientes. Antes das coisas serem feitas e além dessas, quando estamos diante de uma pessoa pobre, somos chamados a um amor que faz senti-la como nosso irmão, nossa irmã; e isto é possível, graças a Cristo, presente totalmente naquela pessoa.”

VN

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