29 março 2021

Francisco: os sacerdotes devem ter um olhar de ternura, reconciliação e fraternidade

 
 O sacerdote deve deixar-se moldar pelo Bom Pastor 

 
O Papa ressaltou à comunidade do Pontifício Colégio Mexicano de Roma que os problemas atuais exigem dos sacerdotes a necessidade de se configurarem ao Senhor e ao olhar de amor com que Ele nos contempla. "Ao conformar o nosso olhar com o seu, o nosso transforma-se em olhar de ternura, reconciliação e fraternidade", disse Francisco.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira (29/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros da Comunidade do Pontifício Colégio Mexicano.

O Pontífice iniciou o seu discurso, recordando o seu encontro com o povo mexicano durante a sua viagem apostólica ao México, em 2016, "que de certa forma se renova em cada ano com a celebração da Solenidade da Nossa Senhora de Guadalupe aqui na Basílica Vaticana", disse ele.

A seguir, Francisco ressaltou que os problemas atuais exigem dos sacerdotes a necessidade de se configurarem ao Senhor e ao olhar de amor com que Ele nos contempla. "Ao conformar o nosso olhar com o seu, o nosso transforma-se em olhar de ternura, reconciliação e fraternidade", disse o Papa, destacando esses três pontos.

Autêntica compaixão

O primeiro, "a necessidade de ter um olhar de ternura com que o nosso Deus Pai vê os problemas que afligem a sociedade: violência, desigualdades sociais e económicas, polarização, corrupção e falta de esperança, especialmente entre os jovens". "A configuração cada vez mais profunda com o Bom Pastor desperta em cada sacerdote uma autêntica compaixão, tanto pelas ovelhas a ele confiadas como por aquelas que se extraviaram. Somente ao deixarmo-nos moldar por Ele se intensifica a nossa caridade pastoral, onde ninguém é excluído da nossa solicitude e oração", sublinhou Francisco.

Comprometermo-nos com o restabelecimento da justiça

Em segundo lugar, o Papa destacou que "é preciso ter um olhar de reconciliação".

As dificuldades sociais que estamos a atravessar, as enormes diferenças e a corrupção exigem de nós um olhar que nos torne capazes de tecer juntos os vários fios que se fragilizaram ou foram cortados na tilma multicolorida de culturas que compõem o tecido social e religioso da nação, prestando atenção, sobretudo, àqueles que foram descartados devido às suas raízes indígenas ou da sua particular religiosidade popular. Nós pastores somos chamados a ajudar a reconstruir relações respeitosas e construtivas entre pessoas, grupos humanos e culturas dentro da sociedade, propondo a todos "deixarmo-nos reconciliar por Deus" e comprometermo-nos com o restabelecimento da justiça.

Um olhar que facilite a comunhão

Por fim, "o nosso tempo atual impele-nos a ter uma visão de fraternidade. Os desafios que enfrentamos são de tal magnitude que abrangem o tecido social e a realidade globalizada interconetada pelas redes sociais e os meios de comunicação. Por isso, junto com Cristo, Servo e Pastor, devemos ser capazes de ter uma visão de conjunto e unidade, que nos impulsiona a criar fraternidade, que nos permite evidenciar os pontos de conexão e interação no coração das culturas e na comunidade eclesial".

Um olhar que facilite a comunhão e a participação fraterna, que anime e oriente os fiéis a respeitarem a nossa Casa comum e serem construtores de um mundo novo, em colaboração com todos os homens e mulheres de boa vontade. Para ser assim, precisamos da luz da fé e da sabedoria de quem sabe “tirar as sandálias” para contemplar o mistério de Deus e, deste ponto de vista, ler os sinais dos tempos.

Não subestimar as tentações mundanas

Segundo o Papa, "é fundamental harmonizar na formação permanente as dimensões académica, espiritual, humana e pastoral. Ao mesmo tempo, precisamos de nos conscientizar das nossas deficiências pessoais e comunitárias, bem como das negligências e faltas que temos de corrigir na nossa vida. Somos chamados a não subestimar as tentações mundanas que podem levar a um conhecimento pessoal insuficiente, a atitudes autorreferenciais, ao consumismo e às várias formas de evasão de nossas responsabilidades".

O Papa concluiu, pedindo a Nossa Senhora de Guadalupe e a São José para que cuidem de todo o Clero do México e da comunidade do Pontifício Colégio Mexicano.

VN

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