19 março 2021

Amoris laetitia e São José cruzam-se com surpreendente continuidade

 
 Sagrada Família 
 
 
Na Solenidade de S. José e no Ano dedicado ao Patrono da Igreja Universal, tem início o Ano da Família Amoris laetitia, 5 anos após a publicação da Exortação pós-sinodal. Dois aniversários importantes que se cruzam com uma surpreendente continuidade.

 

Benedetta Capelli, Silvonei José – Vatican News

S. José e a família. Um vínculo de ternura que vem imediatamente à mente como a mais natural das associações. "Um homem justo e sábio", definiu-o o Papa Francisco na audiência de quarta-feira; um Pai amado, acolhedor e na penumbra, um Pai da coragem criativa, lemos em Patris corde, a Carta apostólica com a qual o Pontífice proclamou o Ano de S. José no dia 8 de dezembro de 2020. Um ano que se sobrepõe ao da Família que começa nesta sexta-feira, na solenidade do esposo de Maria, e 5 anos após a publicação de Amoris laetitia.

Francisco - outra importante associação - assinou a Exortação Apostólica precisamente em 19 de março de 2016, no decorrer do Jubileu da Misericórdia e sob a proteção de S. José. Na conclusão de Amoris laetitia, os muitos fios desta tela, tecida de amor pela Igreja e pelos seus filhos, são entrelaçados.

Oração à Sagrada Família

Jesus, Maria e José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor, a vós, confiantes nos entregamos. Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, escolas autênticas do Evangelho e pequenas Igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja episódios de violência, fechamento e divisão nas famílias; que qualquer um que tenha sido ferido ou escandalizado seja prontamente confortado e curado. Sagrada Família de Nazaré, consciencializai todos do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no plano de Deus. Sagrada Família de Nazaré, fazei com que tomemos todos consciência do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no plano de Deus.

O Ano da Família Amoris Laetitia

É na Festa da Sagrada Família, 27 de dezembro de 2020, que o Papa Francisco no Angelus anuncia o Ano dedicado à Família Amoris laetitia. O início é em 19 de março de 2021, cinco anos após a publicação da Exortação Apostólica; a conclusão está marcada para 26 de junho de 2022, por ocasião do décimo Encontro Mundial das Famílias em Roma. "Um ano - explica ele ao anunciar o Ano - de reflexão, uma oportunidade para aprofundar os conteúdos do documento". A coordenar as iniciativas pastorais, espirituais e culturais está o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida que, no seu site em 5 idiomas, www.amorislaetitia.va , disponibilizou subsídios e anunciou conferências e estudos aprofundados sobre o documento pontifício. É o próprio Papa que esclarece, no texto no número 5, a importância de Amoris laetitia:

“Esta Exortação adquire um significado especial no contexto deste Ano Jubilar da Misericórdia. Primeiro, porque entendo-a como uma proposta para as famílias cristãs, encorajando-as a apreciar os dons do matrimónio e da família, e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência. Em segundo lugar, porque se propõe a encorajar a todos para serem sinais de misericórdia e proximidade onde a vida familiar não é perfeitamente realizada ou não se desenvolve em paz e alegria".

A família de Nazaré, estrela polar

Francisco olha para o "ícone da família de Nazaré, com a sua vida quotidiana feita de dificuldades e até pesadelos", como a violência de Herodes, que ainda hoje se renova na pele de tantos refugiados, mas também à sua "aliança de amor e fidelidade" que "ilumina o princípio, que dá forma a toda família e a torna capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história". E em Amoris laetitia, o Papa cita Paulo VI e seu discurso em Nazaré em 5 de janeiro de 1964:

“Aqui entendemos o modo de vida da família. Nazaré lembra-nos o que é a família, o que é a comunhão de amor, a sua beleza austera e simples, o seu caráter sagrado e inviolável; faz-nos ver como é doce e insubstituível a educação na família, ensina-nos a sua função natural na ordem social”.

O Ano de São José

É José quem cuida deste tesouro, "como chefe da família", é Ele - escreve Francisco no Patris Corde - que nos ensina que "ter fé em Deus também inclui acreditar que Ele pode operar mesmo através de nossos medos, nossas fragilidades, nossas fraquezas". "É o verdadeiro milagre com o qual Deus salva a Criança e sua mãe", confiando  na sua "coragem criativa". A esta figura muito amada pelos fiéis, 150 anos após a sua proclamação como Patrono da Igreja Universal graças ao decreto do Papa Pio IX Quemadmodum Deus, Francisco decidiu dedicar um Ano a São José. Ele também concedeu o "dom das Indulgências especiais" até 8 de dezembro de 2021 sob as condições habituais: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração de acordo com as intenções do Papa.

VN

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