29 junho 2022

Papa: com Pedro e Paulo, ser uma Igreja aberta a todos, livre e humilde

 
 Solenidade dos Santos Pedro e Paulo 
 
A sinodalidade marcou a homilia do Papa Francisco no dia em que a Igreja celebra os Apóstolos Pedro e Paulo. "O Sínodo, que estamos a celebrar, chama-nos a ser uma Igreja que se ergue de pé, não dobrada sobre si mesma, capaz de olhar mais além, de sair das suas prisões para ir ao encontro do mundo."
 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Pedro, Paulo e a sinodalidade: assim foi a homilia pronunciada pelo Papa Francisco neste 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos.

Na Basílica Vaticana, diante de uma delegação do patriarcado de Constantinopla, o pontífice abençoou os pálios destinados aos arcebispos metropolitanos de recente nomeação, alguns dos quais presentes na missa. A celebração foi presidida pelo Papa, que contudo não conduziu a liturgia eucarística devido ao problema no joelho.

Já na sua homilia, comentou as leituras que oferecem o testemunho dos dois grandes Apóstolos, condensado em duas frases: “Ergue-te depressa” (At 12, 7) no que diz respeito a Pedro; e “combati a boa batalha” (2 Tm 4, 7) em referência a Paulo. Tendo diante dos olhos estes dois aspetos – convidou o Papa –, perguntemo-nos que podem eles sugerir à Comunidade Cristã de hoje, empenhada no processo sinodal em curso.

Uma Igreja sem correntes nem muros, livre e humilde

Despertar e erguer-se: é uma imagem significativa para a Igreja, disse o Papa. Também nós somos chamados a erguer-nos depressa para entrar no dinamismo da ressurreição e deixar-nos conduzir pelo Senhor ao longo dos caminhos que Ele nos quiser indicar.”

Francisco alertou para a mediocridade espiritual, quando às vezes a Igreja é dominada pela preguiça em vez de se lançar para horizontes novos, citando algumas expressões do Padre Henri de Lubac, que falava de "cristianismo clerical", "cristianismo formalista", "cristianismo mortiço e endurecido".

A proposta do futuro Sínodo é exatamente o contrário, afirmou Francisco, que chama a ser uma Igreja que se ergue de pé, não dobrada sobre si mesma, mas capaz de olhar mais além, de sair das suas prisões para ir ao encontro do mundo. Uma Igreja sem correntes nem muros, livre e humilde. Uma Igreja que se deixa animar pela paixão do anúncio do Evangelho e pelo desejo de chegar a todos, e a todos acolher. O Pontífice ressaltou este termo de Jesus: "todos", pedindo que a Igreja esteja nas encruzilhadas do mundo, pronta a acolher a todos, pecadores ou não. As portas são para acolher e não para "dispensar" os fiéis.

“Esta palavra do Senhor deve ressoar, ressoar na mente e no coração: todos! Na Igreja há lugar para todos. E muitas vezes nós tornamo-nos uma Igreja de portas abertas, mas para dispensar as pessoas, para condená-las.”

O Evangelho não nos deixa indiferentes, não é neutro

Outro desafio é “combater a boa batalha”, ainda em andamento, porque muitos não estão dispostos a acolher Jesus, preferindo correr atrás dos seus próprios interesses e de outros mestres "mais cômodos, fáceis e de acordo com nossa vontade".

O Papa então propôs duas perguntas. A primeira: Que posso eu fazer pela Igreja? Isto requer não lamentarmo-nos da Igreja, mas empenharmo-nos em prol da Igreja. “Igreja sinodal significa isto: todos participam, mas ninguém no lugar dos outros ou acima dos outros": "Não existem cristãos de primeira ou segunda classe". Significa não permanecer neutro, não deixar as coisas como estão, mas acender o fogo do Reino de Deus lá onde reinam o mal, a violência, a corrupção, a injustiça e a marginalização. 

A segunda pergunta é: Que podemos fazer juntos, como Igreja, para tornar o mundo em que vivemos mais humano, mais justo, mais solidário, mais aberto a Deus e à fraternidade entre os homens? 

Certamente não fecharmo-nos em círculos eclesiais nem  perdermo-nos em discussões estéreis e no clericalismo, uma "perversão se sobretudo atinge os leigos". Mas sermos uma Igreja que promove a cultura do cuidado, a compaixão pelos frágeis e a luta contra toda a forma de degradação, para resplandecer na vida de cada um a alegria do Evangelho: esta é a nossa "boa batalha". A batalha da tutela da criação, da dignidade do trabalho, dos problemas das famílias, da condição dos idosos e de quantos se veem abandonados, rejeitados e desprezados. Para isso, não se pode ceder ao saudosismo de voltar para trás, muito em voga ultimamente.

Por fim, o Papa saudou os novos arcebispos metropolitanos e a Delegação do Patriarcado Ecuménico. E concluiu pedindo a intercessão dos santos apóstolos: “Pedro e Paulo intercedam por nós, pela cidade de Roma, pela Igreja e pelo mundo inteiro. Amém”.

VN

26 junho 2022

Papa: perseverar no bem, mesmo diante das contrariedades

 
 
"Às vezes pensamos que o nosso fervor deve-se ao senso de justiça por uma boa causa, mas na realidade na maioria das vezes não passa de orgulho, aliado à fraqueza, suscetibilidade e impaciência. Peçamos então a Jesus a força de ser como Ele, de segui-lo com firme decisão. De não ser vingativos e intolerantes quando surgem dificuldades, quando nos gastamos a fazer o bem e os outros não entendem."
 

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Com a ajuda da Virgem Maria, tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até ao fim, de não sermos vingativos e intolerantes quando surgem dificuldades.

Este foi o pedido do Papa Francisco antes de rezar o Angelus neste XIII Domingo do Tempo Comum, dirigido aos milhares de fiéis e turistas provenientes de várias partes do mundo, reunidos na Praça de S. Pedro sob forte calor. para o tradicional encontro dominical.

A inspirar a sua reflexão, a passagem do Evangelho do dia onde Lucas fala da decisão de Jesus de partir para Jerusalém, naquela que seria a sua última viagem. Motivo pelo qual, era necessária uma decisão firme, determinada.

Como discípulos, seguir Jesus com decisão

Ao contrário do que pensam os discípulos, “cheios de entusiasmo ainda demasiado mundano”, Jesus sabe que é rejeição e morte que o esperam em Jerusalém”:

Ele sabe que terá que sofrer muito; e isso requer uma firme decisão. É a mesma que devemos tomar também nós, se quisermos ser discípulos de Jesus. Porque devemos ser discípulos de Jesus com seriedade, com decisão verdadeira, não como dizia uma idosa que conheci: "cristãos em água de rosas". Não, não, não! Cristãos decididos Em que consiste esta decisão?

E é precisamente o episódio que o evangelista Lucas narra logo em seguida, que nos ajuda a compreender isso.

Amor misericordioso cresce com a paciência, constância e espírito penitencial

De facto, um povoado de samaritanos não acolheu Jesus, pois soube que ele se dirigia a Jerusalém, uma cidade adversária. Os apóstolos Tiago e João ficam indignados e sugerem que Jesus castigue aquelas pessoas fazendo descer fogo do céu:

Jesus não só não aceita a proposta, como repreende os dois irmãos. Eles querem envolvê-lo no seu desejo de vingança e ele não está de acordo. O "fogo" que ele veio trazer à terra é o amor misericordioso do Pai. E para fazer crescer esse fogo é preciso paciência, é preciso constância, é preciso espírito penitencial.

Ou seja, diante daquela situação, os dois apóstolos reagem com ira:

E isso acontece também connosco quando, fazendo o bem, talvez com sacrifício, em vez de acolhimento encontramos uma porta fechada. Então vem a raiva: tentamos até mesmo envolver o próprio Deus, ameaçando com castigos celestiais.

Determinação de seguir em frente, por outro caminho, revela força interior

Já a reação de Jesus, é bem diferente:

Jesus, ao contrário, segue outro caminho, não o caminho da raiva, mas aquele da firme decisão de seguir em frente, que, longe de se traduzir em dureza, implica calma, paciência, longanimidade, sem, no entanto, afrouxar minimamente o compromisso de fazer o bem. Este modo de ser não denota fraqueza, mas, ao contrário, uma grande força interior.

“Ficar com raiva na contrariedade é fácil, é instintivo”, recorda o Papa. O que é difícil, é conseguir controlar as reações instintivas e fazer como Jesus, que partiu "a caminho de outro povoado":

Isto significa que, quando encontramos fechamentos, devemo-nos voltar para fazer o bem noutro lugar, sem recriminações. Assim Jesus ajuda-nos a ser pessoas serenas, felizes com o bem realizado e que não procuram as aprovações humanas.

Servir no silêncio

“E nós, em que ponto estamos?”, pergunta Francisco:

“Diante das contrariedades, das incompreensões, dirigimo-nos ao Senhor, pedimos a Ele a sua firmeza ao fazer o bem? Ou procuramos confirmação nos aplausos, acabando por ser ásperos e rancorosos quando não os ouvimos? Quantas vezes, consciente ou inconscientemente, procuramos os aplausos, a aprovação dos outros? E nós, fazemos [o bem] pelos aplausos? Não, isto não está certo. Devemos fazer o bem pelo serviço e não procurar os aplausos":

Às vezes - acrescentou o Papa - pensamos que o nosso fervor deve-se ao senso de justiça por uma boa causa, "mas na realidade na maioria das vezes não passa de orgulho, aliado à fraqueza, suscetibilidade e impaciência":

Peçamos então a Jesus a força de ser como Ele, de segui-lo com firme decisão neste caminho de serviço. De não ser vingativos, de não ser intolerantes quando surgem dificuldades, quando nos gastamos pelo bem e os outros não entendem isso, antes ainda, quando nos desqualificam. Não: silêncio e em frente.

Que a Virgem Maria nos ajude a tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até o fim.

VN

25 junho 2022

Papa: família, primeiro lugar onde se aprende a amar

 

 Santa Missa com as famílias 

 
"Justamente enquanto afirmamos a beleza da família, sentimos mais do que nunca que devemos defendê-la. Não deixemos que seja poluída pelos venenos do egoísmo, do individualismo, da cultura da indiferença e do descarte, perdendo assim o seu DNA que é o acolhimento e o espírito de serviço."

Vatican News

Na tarde deste sábado, 25 de junho, o Papa Francisco voltou a encontrar as famílias, na Missa de encerramento do seu X Encontro Mundial, celebrada na Praça de S. Pedro e presidida pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Farrel. Após passar de papamóvel entre os presentes, Francisco dirigiu-se ao adro da Basílica, sentando à direita do Altar. A homilia, no entanto, foi lida pelo Santo Padre:

"No âmbito do X Encontro Mundial das Famílias, este é o momento da ação de graças. Hoje trazemos, com gratidão, à presença de Deus – como num grande ofertório – tudo o que o Espírito Santo semeou em vós, queridas famílias. Algumas de vós participaram nos momentos de reflexão e partilha aqui no Vaticano; outras animaram e viveram os mesmos momentos nas respetivas dioceses, formando uma espécie de imensa constelação. Imagino a riqueza de experiências, propósitos, sonhos, como não mancaram também as preocupações e as incertezas. Agora apresentamos tudo ao Senhor e pedimos-Lhe que vos sustente com a sua força e o seu amor. Sois pais, mães, filhos, avós, tios; sois adultos, crianças, jovens, idosos; cada qual com uma experiência diversa de família, mas todos com a mesma esperança feita oração: Que Deus abençoe e guarde as vossas famílias e todas as famílias do mundo.

Na segunda Leitura, São Paulo falou-nos de liberdade. A liberdade é um dos bens mais apreciados e procurados pelo homem moderno e contemporâneo. Todos desejam ser livres, não sofrer condicionamentos, nem ver-se limitados; por isso aspiram a libertar-se de qualquer tipo de «prisão»: cultural, social, económica. E, no entanto, quantas pessoas carecem da liberdade maior: a liberdade interior! O Apóstolo lembra-nos, a nós cristãos, que esta é primariamente um dom, quando exclama: «Foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5, 1). A liberdade foi-nos dada. Nascemos, todos, com muitos condicionamentos, interiores e exteriores, e sobretudo com a tendência para o egoísmo, isto é, para nos colocarmos a nós mesmos no centro e privilegiar os nossos interesses. Mas, desta escravidão, libertou-nos Cristo. Para evitar equívocos, S. Paulo adverte-nos que a liberdade dada por Deus não é a liberdade falsa e vazia do mundo que, na realidade, é «uma ocasião para os [nossos] apetites carnais» (Gal 5, 13). Essa, não! A liberdade, que Cristo nos conquistou com o preço do seu Sangue, está inteiramente orientada para o amor, a fim de que – como dizia, e nos diz hoje a nós, o Apóstolo –, «pelo amor, [façamo-nos] servos uns dos outros» (Gal 5, 13).

Todos vós, esposos, ao formar a vossa família, com a graça de Cristo fizestes esta corajosa opção: não usar a vossa liberdade para proveito próprio, mas para amar as pessoas que Deus colocou junto de vós. Em vez de viver como «ilhas», fizestes-vos «servos uns dos outros». Assim se vive a liberdade em família! Não há «planetas» ou «satélites», movendo-se cada qual na sua própria órbita. A família é o lugar do encontro, da partilha, da saída de si mesmo para acolher o outro e estar junto dele. É o primeiro lugar onde se aprende a amar.

Irmãos e irmãs, ao mesmo tempo que reafirmamos com grande convicção tudo isto, bem sabemos que na realidade dos factos não é sempre assim, por muitos motivos e pelas mais variadas situações. Por isso, justamente enquanto afirmamos a beleza da família, sentimos mais do que nunca que devemos defendê-la. Não deixemos que seja poluída pelos venenos do egoísmo, do individualismo, da cultura da indiferença e do descarte, perdendo assim o seu DNA que é o acolhimento e o espírito de serviço.

A relação entre os profetas Elias e Eliseu, apresentada na primeira Leitura, faz-nos pensar na relação entre as gerações, na «passagem do testemunho» entre pais e filhos. No mundo atual, esta relação não é simples, revelando-se muitas vezes motivo de preocupação. Os pais temem que os filhos não consigam orientar-se no meio da complexidade e confusão das nossas sociedades, onde tudo parece caótico e precário, acabando por extraviar-se da sua estrada. Este medo torna alguns pais ansiosos; outros, superprotetores. E por vezes acaba até por bloquear o desejo de trazer novas vidas ao mundo.

Faz-nos bem refletir sobre a relação entre Elias e Eliseu. Elias, num momento de crise e medo face ao futuro, recebe de Deus a ordem de ungir Eliseu como seu sucessor. Deus faz compreender a Elias que o mundo não termina com ele, e manda-lhe transmitir a outro a sua missão. Tal é o significado deste gesto descrito no texto: Elias lança o seu manto sobre os ombros de Eliseu e, a partir daquele momento, o discípulo tomará o lugar do mestre para continuar o seu ministério profético em Israel. Deus mostra, assim, que tem confiança no jovem Eliseu.

Como é importante, para os pais, contemplar o modo de agir de Deus! Deus ama os jovens, mas isto não significa que os preserve de todo o risco, desafio e sofrimento. Não é ansioso, nem superprotetor; pelo contrário, tem confiança neles e chama cada um à medida alta da vida e da missão. Pensemos no pequeno Samuel, no adolescente David, no jovem Jeremias; pensemos sobretudo na Virgem Maria. Queridos pais, a Palavra de Deus mostra-nos o caminho: não é preservar os filhos do mínimo incómodo e sofrimento, mas procurar transmitir-lhes a paixão pela vida, acender neles o desejo de encontrar a sua vocação e abraçar a missão grande que Deus pensou para eles. É precisamente esta descoberta que torna Eliseu corajoso, determinado, que o torna adulto. O afastamento dos pais e a morte dos bois são o sinal concreto de que Eliseu compreendeu que agora «é a vez dele», que é hora de acolher a vocação de Deus e levar por diante aquilo que viu o seu mestre fazer. E fá-lo-á com coragem até ao fim da sua vida. Queridos pais, se ajudardes os filhos a descobrirem e acolherem a sua vocação, vereis que serão «fascinados» por esta missão e terão força para enfrentar e superar as dificuldades da vida.

Quero ainda acrescentar que a melhor maneira de um educador ajudar a outrem a seguir a sua vocação é abraçar com um amor fiel a própria. Foi o que os discípulos viram Jesus fazer; e o Evangelho de hoje mostra-nos um momento emblemático disso mesmo, quando Jesus «Se dirigiu resolutamente para Jerusalém» (Lc 9, 51), sabendo bem que lá seria condenado e morto. E, no caminho para Jerusalém, Ele vê-Se repelido pelos habitantes da Samaria; uma rejeição, que suscita a reação indignada de Tiago e João, mas que Jesus aceita pois faz parte da sua vocação: ao princípio, fora rejeitado em Nazaré, agora, na Samaria e, no fim, será rejeitado em Jerusalém. Jesus aceita tudo isto, porque veio para tomar sobre Si os nossos pecados. De igual modo, não há nada mais animador para os filhos do que ver os seus pais viverem o casamento e a família como uma missão, com fidelidade e paciência, apesar das dificuldades, horas tristes e provações. E, o que sucedeu com Jesus na Samaria, acontece em toda a vocação cristã, incluindo a vocação familiar. Há momentos em que é preciso assumir as resistências, os fechamentos, as incompreensões que provêm do coração humano e, com a graça de Cristo, transformá-los em acolhimento do outro, em amor gratuito.

Imediatamente depois deste episódio que, de certo modo, descreve-nos a «vocação de Jesus», o Evangelho apresenta-nos outros três chamamentos, três vocações de igual número de aspirantes a discípulos de Jesus. O primeiro é convidado a não procurar, no seguimento do Mestre, uma morada estável, uma acomodação segura. Com efeito Ele «não tem onde reclinar a cabeça» (Lc 9, 58). Seguir Jesus significa pôr-mo-nos  em movimento e estar sempre em movimento, «em viagem» com Ele através das vicissitudes da vida. Como tudo isto é verdade para vós, casados! Também vós, ao acolher a vocação para o matrimónio e a família, deixastes o vosso «ninho» e começastes uma viagem, da qual não podíeis conhecer de antemão todas as etapas, e que vos mantém em constante movimento, com situações sempre novas, factos inesperados, surpresas. Assim é o caminho com o Senhor: dinâmico, imprevisível mas sempre uma maravilhosa descoberta! Lembremo-nos de que o repouso de cada discípulo de Jesus encontra-se justamente em fazer cada dia a vontade de Deus, seja ela qual for.

O segundo discípulo é convidado a não voltar atrás porque queria, «primeiro, sepultar o pai» (cf. Lc 9, 59-60). Não se trata de faltar ao quarto mandamento, que permanece sempre válido; mas é um convite a obedecer, antes de tudo, ao primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas. O mesmo se verifica com o terceiro discípulo, chamado a seguir Cristo resolutamente e de todo o coração, sem «olhar para trás», nem mesmo para se despedir dos seus familiares (cf. Lc 9, 61-62).

Queridas famílias, também vós sois convidadas a não ter outras prioridades, a «não olhar para trás», isto é, a não vos lamentardes repassando a vida de outrora, a liberdade de antes com as vossas ilusões enganadoras: a vida fossiliza-se quando não acolhe a novidade do chamamento de Deus, chorando pela falta do passado. Quando Jesus chama, nomeadamente ao matrimónio e à família, pede para olharmos em frente, e precede-nos sempre no caminho, precede-nos sempre  no amor e no serviço. Quem O segue, não fica dececionado!

Queridos irmãos e irmãs, providencialmente as Leituras que a liturgia de hoje nos propõe, falam todas da vocação, que é precisamente o tema deste X Encontro Mundial das Famílias: «O amor familiar: vocação e caminho de santidade». Com a força desta Palavra de vida, animo-vos a retomar resolutamente o caminho do amor familiar, partilhando com todos os membros da família a alegria desta vocação. O amor que viveis entre vós seja sempre aberto, comunicativo, capaz de «tocar com a mão» os mais frágeis e os feridos que encontrardes pelo caminho: frágeis no corpo e frágeis na alma. De facto é quando se dá que o amor, incluindo o amor familiar, se purifica e fortalece.

A Igreja está convosco; antes, a Igreja está em vós! Com efeito, a Igreja nasceu de uma família, a família de Nazaré, e é composta principalmente por famílias. Que o Senhor vos ajude cada dia a permanecer na unidade, na paz e na alegria, mostrando a todos que Deus é amor e comunhão de vida."

VN

22 junho 2022

O Papa: testemunhar Cristo até mesmo na fragilidade da velhice

 
  O Papa Francisco durante a Audiência Geral  (Vatican Media)  
 
Francisco disse na Audiência Geral que "a vida do idoso é lenta, lenta, mas é uma despedida alegre: vivi a vida, conservei a minha fé. É bonito quando um idoso pode dizer: "Eu vivi a vida, esta é a minha família. Eu vivi a vida, fui um pecador, mas também fiz o bem". É essa paz que vem, esta é a despedida do idoso".
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Na catequese sobre a velhice, na Audiência Geral desta quarta-feira (22/06), realizada na Praça de S. Pedro, o Papa Francisco meditou sobre o diálogo entre Jesus ressuscitado e Pedro, na conclusão do Evangelho de João. "É um diálogo comovente, do qual transparece todo o amor de Jesus pelos seus discípulos e também a sublime humanidade da sua relação com eles, em particular com Pedro: uma relação terna, mas não insípida, direta, forte, livre e aberta. Uma relação de homens na verdade." 

"Durante o debate de Jesus com Pedro, encontramos duas passagens que tratam da velhice e da duração do tempo: o tempo do testemunho, o tempo da vida. A primeira passagem é a advertência de Jesus a Pedro: quando eras jovem, eras autossuficiente, quando ficares velho já não serás tão senhor de ti mesmo e da tua vida", disse o Papa, sublinhando que agora está a andar de "cadeira de rodas"! "Mas é assim, a vida é assim: com a velhice chegam todas estas doenças e nós temos que aceitá-las como elas vêm, certo? Não temos a força dos jovens! E até o teu testemunho, diz Jesus, será acompanhado por esta debilidade.

Deves ser testemunha de Jesus mesmo na fraqueza, na doença e na morte. Há uma bela passagem de Santo Inácio de Loyola que diz: "Assim como na vida, também na morte devemos dar testemunho de discípulos de Jesus." O fim da vida deve ser o fim da vida de discípulos: de discípulos de Jesus que nos fala sempre de acordo com a idade que temos.

O Evangelista acrescenta o seu comentário, explicando que Jesus aludia ao testemunho extremo, do martírio e da morte. Mas podemos compreender de modo mais genérico o sentido desta advertência: o teu seguimento deverá aprender a deixares-te instruir e plasmar pela tua fragilidade, pela tua impotência, pela tua dependência de outros, até para te vestir, para caminhar. Mas tu, «segue-me». "O seguimento de Jesus vai sempre adiante, com boa saúde, sem boa saúde, autossuficiente, sem autossuficiência física, mas o seguimento de Jesus é importante: seguir sempre Jesus, a pé, correndo, lentamente, na cadeira de rodas, mas segui-lo sempre", frisou o Papa, ressaltando que "gosta de falar com os idosos olhando-os nos olhos: eles têm aqueles olhos brilhantes, aqueles olhos que falam mais do que as palavras, o testemunho de uma vida. E isto é bonito, temos de conservá-lo até ao fim. Seguir Jesus assim, cheios de vida".

Segundo o Papa, "com a doença, com a velhice, a dependência aumenta e não somos mais autossuficientes como antes; isto aumenta e também a fé, amadurece ali. Jesus também está ali connosco, também ali jorra aquela riqueza da fé bem vivida durante a estrada da vida".

"Mas devemos perguntar-nos: dispomos de uma espiritualidade realmente capaz de interpretar a estação – já longa e generalizada - deste tempo da nossa fraqueza confiada a outros, mais do que ao poder da nossa autonomia? Como permanecer fiéis ao seguimento vivido, ao amor prometido, à justiça procurada no tempo da nossa capacidade de iniciativa, no tempo da fragilidade da dependência, da despedida, no tempo do abandono do protagonismo da nossa vida? Não é fácil afastarmo-nos do ser protagonista: não é fácil", sublinhou ainda Francisco.

Segundo o Pontífice, "a vida do idoso é lenta, lenta, mas é uma despedida alegre: vivi a vida, conservei a minha fé. É bonito quando um idoso pode dizer: "Eu vivi a vida, esta é a minha família. Eu vivi a vida, fui um pecador, mas também fiz o bem". É essa paz que vem, esta é a despedida do idoso".

O Papa convidou a olhar e ouvir os idosos, e "ajudá-los para que possam viver e expressar sua sabedoria de vida, que nos  possam dar o que eles têm de bonito e bom". Francisco disse aos idosos para olhar os jovens sempre com um sorriso: "Eles seguirão o caminho, continuarão o que nós semeamos, mesmo o que não semeamos porque não tivemos coragem ou oportunidade." Manter "sempre essa relação. Um idoso não pode ser feliz sem olhar para os jovens, e os jovens não podem seguir em frente na vida sem olhar para os idosos", concluiu.

VN

Começa hoje o X Encontro Mundial das Famílias: que ecoe a voz do Papa Francisco

 

  Quando o Papa fala para as famílias, e diretamente para os casais, "eles escutam. A minha maior expetativa é que isto seja transmitido para todo o mundo", diz o cardeal Farrel. 

Nesta semana inicia-se o X Encontro Mundial das Famílias: Que as famílias possam reunir-se no decorrer desta semana para ouvir o que o Papa Francisco irá dizer. Que os agentes de pastoral familiar proporcionem momentos de partilhas entre os casais dos discurso do Santo Padre pois, enfatiza o cardeal Farrell, “na vida conjugal também há santos”
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Marília de Paula Siqueira - Cidade do Vaticano

O Encontro Mundial das Famílias, tem início nesta quarta-feira em Roma. Famílias de todos os lugares irão participar. O cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, concedeu uma entrevista ao Vatican News antes do Encontro Mundial, com as perspetivas para aqueles que participarão presencialmente e também para aqueles que  acompanharão de forma virtual. A Exortação Apóstólica pós-sinodal Amoris Laetitia será a base deste encontro.

O cardeal Farrell deseja que este encontro seja uma injeção de vitamina nas famílias católicas: “Acredito que a pandemia certamente causou uma grande rutura na vida pastoral da Igreja a todos os níveis. E foi impossível durante dois anos reunir grupos de pessoas. Era impossível organizar nas nossas igrejas encontros de oração, conferências... Por isso, espero que o Encontro Mundial das Famílias que se realizará em Roma seja uma injeção de vitaminas na Igreja."

A expetativa deste encontro é que se “retome a questão da vida familiar, como diz sempre o Papa Francisco. Este é o tema central da Igreja neste momento: matrimónio e vida familiar. É aqui que devemos focar a nossa atenção. Fazemos exatamente como o Papa nos pediu, para incutir uma nova vida nele",  sinaliza o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.

Sobre o acompanhamento de casais, um passo muito importante precisa de ser dado: o de encontrar casais capacitados para o acompanhamento de outros casais. “Muitas pessoas gostariam de pular o primeiro passo, e o primeiro passo é encontrar casais que tenham as qualidades para poder acompanhar outros casais. Tens que identificar os casais com a capacidade de ensinar, corrigir e ministrar a outras pessoas. Temos que selecionar pessoas que são boas no que estão a fazer. Este é um ponto importante.”

O purpurado recordou ainda as famílias ucranianas “Por exemplo, sabemos que quando o Papa saudar os presentes no Festival das Famílias, também estarão presentes casais da Ucrânia. [Haverá] casais de muitas outras partes do mundo onde há diversas formas de perseguição religiosa e onde há violência, e eles vivem em estado de guerra":

“Quem pode fechar os olhos ao ver o sofrimento de famílias, mães com os seus filhos, enquanto os pais são deixados na Ucrânia para lutar, viajando para estranhos países estrangeiros onde nunca estiveram antes. Eles não têm familiares. Eles estão totalmente por conta própria. As pessoas não percebem que não é como se eles tivessem mudado toda a sua casa, como se eles tivessem uma dessas empresas de mudanças e mudassem tudo. Eles vão com uma pequena bolsa e não têm nada. A Igreja não podia ignorar esta realidade no mundo.”

Para finalizar, o cardeal Farrell pediu que as famílias ouçam o que o Papa tem dito “O Papa Francisco é amado. Eu acho que quando ele fala para as famílias e diretamente para os casais, eles escutam. A minha maior expetativa é que isto seja transmitido para todo o mundo.”

Que as famílias possam reunir-se durante esta semana para ouvir o que o Papa Francisco irá dizer. Que os agentes de pastorais familiares proporcionem momentos de partilhas entre os casais, do discurso do Santo Padre pois, enfatiza o cardeal Farrell, “a vida conjugal também há santos”.

Os nossos canais realizarão as transmissões do X Encontro Mundial das Famílias.

VN

19 junho 2022

Papa: “Que faço hoje pelo povo ucraniano?"

Pessoas esperam para embarcar num tcomboio para Dnipro e Lviv durante um esforço de evacuação de áreas afetadas pela guerra no leste da Ucrânia, no meio da invasão russa do país, em Pokrovsk, região de Donetsk, Ucrânia 18 de junho de 2022 REUTERS/Gleb Garanich

Mais de 7 milhões de ucranianos deixaram o país em função da guerra. Combates intensos seguem sendo travados especialmente no sul. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou que "a Ucrânia como a conhecíamos, dentro daquelas fronteiras, já não existe mais. E não existirá mais. Isso é óbvio". 
 

Vatican News

“Que faço hoje pelo povo ucraniano? Rezo? Empenho-me? Procuro entender? Que faço hoje pelo povo ucraniano? Cada um responda no próprio coração.”

Antes de se despedir dos fiéis na Praça de São Pedro, o Papa Francisco voltou a dirigir o seu pensamento para a martirizada Ucrânia e para a população que está a sofrer..

E não esqueçamos do martirizado povo ucraniano neste momento, povo que está a sofrer. Gostaria que permanecesse em todos vós uma pergunta: o que estou a fazer hoje pelo povo ucraniano?

Este foi mais um dos tantos apelos do Santo Padre, por uma situação que parece não ter fim. De facto, Sergiy Gaiday - governador de Lugansk, região do leste da Ucrânia, palco de intensos combates com a Rússia - afirmou que a situação atual é "difícil na cidade de Lysychansk e na região como um todo", pois os russos estão a bombardear as tropas ucranianas 24 horas por dia; De Lysychansk, a artilharia ucraniana está a disparar na direção de Severodonetsk, onde o fumo sobe da fábrica de Azot e as tropas russas disparam projéteis e foguetes.

A visita relâmpago de Zelensky ao sul

No sábado, 18, a visita surpresa do presidente ucraniano a Mykolaiv e Odessa, os dois centros estratégicos do Mar Negro, onde se encontrou com as tropas. Retornando numa mensagem de vídeo no Instagram, afirmou: "Não entregaremos o sul a ninguém".

Perspecva dramática de longo prazo

"A guerra na Ucrânia pode durar anos”, afirmou por sua vez o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, nums entrevista publicada neste domingo pelo jornal alemão Bild. "Devemos estar preparados para durar anos", disse ele, sugerindo "não enfraquecer o apoio à Ucrânia, mesmo que os custos sejam altos, não apenas em termos de apoio militar, mas também devido ao aumento dos preços da energia e da comida". No entanto, de acordo com Stoltenberg, "os custos de alimentos e combustível não são nada comparados aos pagos diariamente pelos ucranianos na linha de frente. Além disso, se o presidente russo Vladimir Putin alcançar os seus objetivos na Ucrânia, como quando anexou a Crimeia em 2014, teremos que pagar um preço ainda maior”, advertiu.  Neste contexto, o secretário-geral da Nato pediu aos países da aliança que continuem a entregar armas a Kiev. A região leste da Ucrânia está atualmente parcialmente sob controle das forças russas.

A posição de Moscovo

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou que "a Ucrânia como a conhecíamos, dentro daquelas fronteiras, já não existe mais. E não existirá mais. Isto é óbvio".

À medida que o conflito se agrava, Maria Zakharova descarta qualquer perspetiva de negociação voltando a falar numa entrevista à Sky News Arabia. Deixa claro mais uma vez que Moscovo não recuará, uma vez que os seus objetivos no terreno sejam alcançados.

VN

Angelus com o Papa: Só Jesus pode saciar a nossa fome de amor

 
 
Sob um sol de mais de 30 graus, milhares de fiéis rezaram o Angelus com o Papa. Na alocução, Francisco falou sobre a Eucaristia, inspirando-se na Solenidade de Corpus Christi celebrada neste domingo em alguns países. A Eucaristia não só nos alimenta, mas sacia-nos, disse ele, pois dá-nos aquele “a mais” que todos procuramos: a presença do Senhor!
 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro, o Papa Francisco falou sobre a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, celebrada hoje em Itália e noutros países. A Eucaristia, instituída na Última Ceia, foi como o ponto de chegada de um percurso, durante o qual Jesus a antecipou mediante alguns sinais, sobretudo a multiplicação dos pães.

Jesus cuida da multidão que o seguiu para ouvir a sua palavra e libertar-se de vários males. Abençoa cinco pães e dois peixes, parte-os, os discípulos distribuem e todos «saciaram-se». "Na Eucaristia, cada um pode experimentar esta amorosa e concreta atenção do Senhor. Quem recebe com fé o Corpo e o Sangue de Cristo não só come, mas sacia-se", explicou o Papa, detendo-se sobre estes dois aspecos: comer e saciar-se.

Comer e dar de comer

De acordo com a narração de Lucas, com o calar da noite, os discípulos aconselharam Jesus a despedir a multidão para que pudessem procurar comida. Mas o Mestre quis prover também a esta necessidade. O milagre dos pães e dos peixes não acontece, porém, de maneira espetacular, mas quase de maneira reservada, como nas bodas de Caná: o pão aumenta passando de mão em mão. E enquanto come, a multidão percebe que Jesus toma conta de tudo.

"Este é o Senhor presente na Eucaristia chama-nos a ser cidadãos do Céu, mas enquanto isso leva em consideração o caminho que devemos enfrentar aqui na terra. Se tenho pouco pão na bolsa, Ele sabe e preocupa-se."

Para Francisco, existe o risco de restringir a Eucaristia numa dimensão vaga, talvez luminosa e perfumada de incenso, mas distante dos becos da vida quotidiana. Mas na realidade, o Senhor toma a peito todas as nossas necessidades, a partir daquelas mais elementares. E quer dar o exemplo aos discípulos, dizendo: «Dai-lhes vós de comer».

"A nossa adoração eucarística tem a sua comprovação quando cuidamos do próximo, como faz Jesus: em nosso redor há fome de alimento, mas também de companhia, de consolação, de amizade, de bom humor, de atenção, a nossa fome de evangelização. Isto encontramos no Pão eucarístico: a atenção de Cristo às nossas necessidades, e o convite a fazer o mesmo com quem está ao nosso lado. É preciso comer e dar de comer."

Só a presença do Senhor nos sacia

Além de comer, porém, não deve faltar o estar saciados. A multidão saciou-sr com a abundância de alimento, e também com a alegria e a maravilha de tê-lo recebido de Jesus.

Certamente precisamos de nos alimentar, acrescentou o Pontífice, mas também de nos saciar, ou seja, de saber que a nutrição nos é dada por amor.

"No Corpo e no Sangue de Cristo, encontramos a sua presença, a sua vida doada por cada um de nós. Não só nos dá a ajuda para ir adiante, mas dá-nos a si mesmo: torna-se o nosso companheiro de viagem, entra nas nossas vicissitudes, visita as nossas solidões, dando novamente sentido e entusiasmo. Isto sacia-nos, isto dá-nos aquele “a mais” que todos procuramos: a presença do Senhor!"

Porque no calor da sua presença, a nossa vida muda: sem Ele, seria realmente cinza. Adorando o Corpo e o Sangue de Cristo, peçamos-Lhe com o coração: “Senhor, dai-me o pão quotidiano para ir adiante e saciai-me com a vossa presença!”.

"Que a Virgem Maria nos ensine a adorar Jesus vivo na Eucaristia e a compartilhá-Lo com os nossos irmãos e irmãs", foi a invocação final de Francisco.

VN