29 julho 2021

Francisco: somos uma só família, todos devem ter água e alimento

 
 
O Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, juntamente com a Comissão Vaticana Covid-19, publicou um vídeo que reúne alguns dos convites e apelos do Papa à comunidade internacional para erradicar as causas da fome e tutelar a dignidade das pessoas e do planeta 
 

Alessandro De Carolis – Vatican News

A reunião de vários discursos do Papa Francisco nos quais repete sempre o caloroso apelo: a fome no mundo é um problema de todos, derrotá-la é um imperativo moral global, todavia jamais será um objetivo verdadeiramente alcançável se a luta contra a fome não incluir também a proteção do meio ambiente e, sobretudo, se a "família humana" continuar a ter filhos legítimos e ilegítimos, alguns com excesso de alimentos disponíveis e muitos outros com a barriga vazia. O vídeo, produzido pelo Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral e pela Comissão Vaticana Covid-19, é um compêndio do magistério do Papa sobre o assunto, divulgado durante a pré-cúpula da ONU sobre sistemas alimentares, que se concluiu ontem (28/07).

Produzir e consumir de maneira diferente

As sequências do vídeo mostram trechos de vários discursos do Papa ao longo dos anos, mas o que é mais marcante é a fluidez que os faz parecer considerações de um único discurso, uma demonstração da consistência com que Francisco abordou os "nós" de uma questão tão complexa como a mudança dos sistemas alimentares. Foi em novembro de 2014 quando ele declarou na sede da FAO que "o direito à alimentação só será garantido se estivermos preocupados com seu verdadeiro sujeito, ou seja, a pessoa que sofre os efeitos da fome e da desnutrição". Com a consequência, disse, de sermos chamados - mas aqui o conceito foi expresso em 2017, novamente na sede da FAO - "a propor uma mudança no estilo de vida, no uso dos recursos, nos critérios de produção e também no consumo".

O tormento da escassez de alimentos

Portanto para o Papa, "não é suficiente produzir alimentos, mas também é importante assegurar que os sistemas alimentares sejam sustentáveis e ofereçam dietas saudáveis e acessíveis a todos" (Mensagem para o Dia da Alimentação 2020). A partir desse discurso vem uma citação de João Paulo II e do seu "paradoxo da abundância" enunciado em 1992 na Conferência Internacional sobre Nutrição, um paradoxo para o qual - resume Francisco - "há alimentos para todos, mas nem todos podem comer" (Mensagem em vídeo para a Expo de Ideias - fevereiro 2015). E morrer de fome é uma das piores maneiras de se ser despojado da dignidade: "Quantas mães e pais ainda hoje - interrogava-se Francisco na audiência geral de 27 de março de 2019 - vão dormir com o tormento de não ter pão suficiente para seus filhos no dia seguinte".

O cuidado é a mudança de rumo

O vídeo conclui com um apelo, onde Francisco lembra-nos que "os nossos irmãos e irmãs mais pobres e a nossa mãe terra gemem pelos danos e injustiças que causamos e reclamam outro rumo. Reclamam de nós uma conversão, uma mudança de rumo: cuidar também da terra, da criação. (Audiência Geral 16 de setembro de 2020). A isto segui-se uma oração que, em certo sentido, amplia uma passagem do Pai Nosso: "Pai, faz com que para nós e para todos, hoje, haja o pão necessário”. E “pão” significa água, medicamentos, casa, trabalho... Pedir o necessário para viver". (Audiência geral 27 de março de 2019), concluindo com o slogan da Campanha lançada pela Cáritas em 2013 e que Francisco, Papa há poucos meses, fez sua na audiência geral de 11 dezembro de 2013: "Uma só família humana, alimentos para todos".

VN

28 julho 2021

Card. Turkson: para o futuro, procurar soluções nos sistemas alimentares indígenas

 


Agricultura sustentável

O Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, np seu discurso na Pré-Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares que está a ser realizada em Roma, disse que para aumentar a produção de alimentos, é preciso valorizar os pequenos produtores indígenas e tradicionais, "que mantêm uma relação saudável com a terra que cultivam"
 

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

Para aumentar a produção mundial de alimentos em mais de 50%, e assim suprir as mais de 9 bilhões de pessoas que deverão povoar o planeta até 2050, "é necessário promover os sistemas alimentares indígenas". Isto requer o estabelecimento de "um diálogo permanente de conhecimento com os povos indígenas/tradicionais de todo o mundo que permitirá a elaboração de políticas públicas globais que valorizem os pequenos produtores indígenas e tradicionais como protagonistas de uma ação global para combater a pobreza alimentar". Este é o centro do discurso proferido pelo Cardeal Peter Kodwo Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, na Pré-Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares que está a ser realizada em Roma, na sessão de discursos sobre "Sistemas Alimentares Indígenas e Dieta Natural". No seu discurso o cardeal explicou que o uso destes sistemas alimentares, definidos como "agroecossistemas", será especialmente útil "em países com sistemas agrícolas sensíveis às mudanças climáticas (por exemplo, a variabilidade das chuvas, a temperatura, a seca, as enchentes)".

As sete regiões socioculturais identificadas pela FAO

Por esta razão, lembrou o Cardeal Turkson, a FAO, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, "identificou sete regiões socioculturais para representar os povos indígenas do mundo: África; Ásia; América Central, América do Sul e Caribe; Ártico; Europa Central e Oriental, Federação Russa, Ásia Central e Transcaucásia; América do Norte e Pacífico". Um próximo passo, para o Prefeito do Dicastério do Vaticano, "seria identificar e aplicar as instituições informais que permitiram a persistência dos sistemas alimentares ao longo do tempo" e "organizar os sistemas alimentares dessas regiões à medida que se desenvolvem ao longo do tempo".

As instituições indígenas suprimidas devem ser restabelecidas

Como grande parte das terras do mundo "são espaços indígenas", concluiu Turkson, "a restauração de sistemas eficazes de gestão de recursos bioculturais em todo o mundo deve incluir a manutenção, e em alguns casos o restabelecimento, de instituições indígenas em múltiplos níveis. Nas suas observações, o Cardeal ganense lembrou que "muitas pesquisas e estudos sobre a produção de alimentos indígenas destacaram o seu potencial mesmo no caso de mudanças no uso do solo e do clima", e o grande valor da sua restauração no futuro. Os povos indígenas souberam proteger o conhecimento que permitiu a perpetuação dos seus sistemas agroalimentares ao longo do tempo", disse o cardeal, "e este conhecimento pode ser usado nos territórios com pobreza alimentar.

A agricultura comercial é prejudicial às espécies alimentares indígenas

Citando estudos sobre a produção de alimentos indígenas no Havaí e na Austrália, Turkson enfatizou que o uso de técnicas tradicionais provou ser crucial para a viabilidade e a resiliência das culturas indígenas e das espécies alimentares, enquanto a introdução de espécies estrangeiras, acompanhadas de fertilizantes, pesticidas, herbicidas, "compromete seriamente esta vitalidade, e a agricultura tradicional indígena em África demonstra isto". Criar novos habitats, como faz a agricultura comercial, para as espécies indígenas pode ser prejudicial para elas, "como a necessidade de usar fertilizantes químicos (efetivo somente quando o solo está morto), pesticidas (efetivo somente para proteger plantas insalubres) e máquinas agrícolas (útil somente quando uma grande área tem que ser cultivada)". Estes métodos", segundo o cardeal Turkson, "são ineficazes ou mesmo prejudiciais em solos férteis, culturas saudáveis e sementes pequenas e locais". No entanto, interesses económicos impulsionam algumas dessts práticas ecossidas"!  

VN

26 julho 2021

Papa: a fome no mundo é um escândalo e um crime contra os direitos humanos

 

 Papa Francisco às Nações Unidas, em imagem de arquivo  

“Produzimos comida suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada dia. Isto ‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos humanos básicos”, denuncia o Papa Francisco junto da Pré-Cúpula sobre os sistemas alimentares da ONU na tarde desta segunda-feira (26). O Pontífice recorda que é “dever de todos extirpar esta injustiça através de ações concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais ousadas”. 

 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco, através de uma mensagem, também participa da Pré-Cúpula sobre sistemas alimentares da ONU que começou nesta segunda-feira (26), em Roma, junto com representantes de mais de 110 governos do mundo. Até quarta-feira (28), as sessões – em formato híbrido, presencial e virtual – preparam o maior evento global sobre o tema agendado para setembro, na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Assista à P'ré-Cúpula da ONU, ao vivo

https://www.unfoodsystems.org/index.php

O texto em espanhol do Pontífice foi lido pelo secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, dom Paul Richard Gallagher, e dirigido ao secretário geral das Nações Unidas, António Guterres. Na mensagem, Francisco começa por destacar “como um dos nossos maiores desafios de hoje, é vencer a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição na era da Covid-19”, uma pandemia que projetou ainda mais as injustiças, “minando a nossa unidade como família humana”, sobretudo os pobres e a casa comum.

O escândalo das vítimas da fome

É necessária “uma mudança radical”, alerta o Pontífice, diante da exploração da natureza com o uso irresponsável e o abuso dos bens:

“Produzimos comida suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada dia. Isto ‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos humanos básicos. Portanto, é um dever de todos extirpar esta injustiça através de ações concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais ousadas.”

Nesta perspetiva, continua o Papa na mensagem, a “correta transformação dos sistemas alimentares desempenha um papel importante” para fortalecer economias locais e reduzir o desperdício alimentar, por exemplo. Para garantir “o direito fundamental a um padrão de vida adequado” para alcançar a Fome Zero até 2030, “não basta produzir alimentos”, comenta Francisco, mas é preciso “uma nova mentalidade e uma nova abordagem integral e projetar sistemas alimentares que protejam a Terra e mantenham a dignidade da pessoa humana no centro; que garantam alimentos suficientes globalmente e promovam o trabalho digno a nível local; e que alimentem o mundo de hoje, sem comprometer o futuro”.

O setor rural deve ser valorizado

O Papa, então, orienta para a recuperação do setor rural como ação fundamental na pós-pandemia e para corrigir “as raízes do nosso sistema alimentar injusto”. O Pontífice comenta sobre a importância dos “conhecimentos tradicionais” dos agricultores que não devem ser negligenciados ou ignorados. Um reconhecimento que “deve ser acompanhado de políticas e iniciativas que atendam plenamente às necessidades das mulheres rurais, promovam o emprego de jovens e melhorem o trabalho dos agricultores nas áreas mais pobres e mais remotas”. E o Papa finaliza a mensagem:

“Ao longo deste encontro, temos a responsabilidade de realizar o sonho de um mundo onde o pão, a água, os remédios e o trabalho fluam em abundância e cheguem primeiro aos mais necessitados. A Santa Sé e a Igreja Católica estarão a serviço deste nobre objetivo, oferecendo a sua contribuição, unindo forças e vontades, ações e sábias decisões.”

A fome de comida e de dignidade

E um vídeo especial intitulado “Comida para todos: um apelo moral”, com uma prévia lançada nesta segunda-feira (26), mas que será exibido na sessão da Pré-Cúpula que o Vaticano vai sediar nesta terça-feira (27), o Papa Francisco reforça a preocupação com as vítimas da fome e da desnutrição no mundo. O Pontífice chama a todos, novamente, para “mudar os estilos de vida, o uso dos recursos, os critérios de produção até ao consumo” para garantir sistemas alimentares sustentáveis.

“Quantas mães e quantos pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte pão suficiente para os próprios filhos!”

 

 

VN

25 julho 2021

Francisco: acredita no amor, no poder do serviço, na força da gratuidade

 
 O Papa Francisco durante o Angelus deste Domingo 
 
"A lógica do dom é muito diferente da nossa. Nós buscamos acumular e aumentar o que temos. Em vez disso, Jesus nos pede para doar, para diminuir. Nós amamos acrescentar, gostamos de adicionar. Jesus gosta de subtrair, de tirar alguma coisa para dar aos outros", disse o Papa no Angelus.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (25/07), da janela do apartamento pontifício, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, Francisco recordou o Evangelho da Liturgia deste domingo que narra o famoso episódio da multiplicação dos pães e peixes, com o qual Jesus alimentou cerca de cinco mil pessoas que foram ouvi-lo.

Segundo o Papa, "é interessante ver como acontece este milagre: Jesus não cria os pães e os peixes do nada, mas age a partir do que os discípulos lhe trazem. Um deles diz: "Há aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes; mas o que é isto para tanta gente"? "É pouco, não é nada, mas é o suficiente para Jesus", disse o Pontífice.

Um grande ensinamento para nós

"Vamos agora tentar olocar-nos no lugar daquele menino", disse Francisco, acrescentando:

Os discípulos pedem-lhe para partilhar tudo o que ele tem para comer. Parece uma proposta insensata, aliás, injusta. Porque privar uma pessoa, principalmente um menino, do que ele trouxe de casa e tem o direito de guardar para si? Porque tirar de uma pessoa o que não é suficiente para alimentar todos? Humanamente, é ilógico. Mas não para Deus. Pelo contrário, graças a esse pequeno dom gratuito e, portanto, heróico, Jesus pode alimentar todos. Este é um grande ensinamento para nós. Ele diz-nos que o Senhor pode fazer muito com o pouco que colocamos à sua disposição.

A seguir, o Papa disse que seria bom interrogar-nos todos os dias: "O que levo eu para Jesus, hoje?" "Ele pode fazer muito com uma oração nossa, com um gesto de caridade para com os outros, até mesmo com a nossa miséria entregue à sua misericórdia. Deus ama agir assim: Ele faz grandes coisas a partir de coisas pequenas e gratuitas", sublinhou.

Jesus pede-nos para doar, para diminuir

A seguir, Francisco recordou que todos os grandes protagonistas da Bíblia, de Abraão a Maria, e também o menino citado no Evangelho de hoje, mostram esta lógica da pequenez e do dom.

A lógica do dom é muito diferente da nossa. Nós procuramos acumular e aumentar o que temos. Em vez disto, Jesus pede-nos para doar, para diminuir. Nós amamos acrescentar, gostamos de adicionar. Jesus gosta de subtrair, de tirar alguma coisa para dar aos outros. Nós queremos multiplicar para nós. Jesus aprecia quando dividimos com os outros, quando partilhamos. É curioso que nos relatos da multiplicação dos pães presentes nos Evangelhos, o verbo "multiplicar" nunca aparece. Pelo contrário, os verbos usados são de sinal oposto: "partir", "dar", "distribuir". O verdadeiro milagre, diz Jesus, não é a multiplicação que produz glória e poder, mas a divisão, a partilha, que aumenta o amor e permite que Deus realize maravilhas. Vamos compartilhar mais: experimentar este caminho  Jesus ensina-nos.

Fome que afeta particularmente as crianças

Francisco recordou que "também hoje, a multiplicação de bens não resolve os problemas sem uma partilha justa".

Vem à mente a tragédia da fome que afeta particularmente as crianças. Foi calculado que todos os dias no mundo cerca de sete mil crianças abaixo de cinco anos morrem devido à desnutrição. Porque não têm o necessário para viver. Diante de escândalos como estes, Jesus também nos faz um convite, um convite semelhante ao que provavelmente recebeu o menino do Evangelho, que não tem nome e no qual todos nós podemos ver: "Coragem, doa o pouco que tem, os teus talentos e os teus bens, coloca-os à disposição de Jesus e dos irmãos. Não tenhas medo, nada será perdido, porque se partilhas, Deus multiplica. Expulsa a falsa modéstia de te sentires inadequado, confia Acredita no amor, no poder do serviço, na força da gratuidade.

O Papa concluiu a sua alocução, pedindo "que a Virgem Maria, que respondeu "sim" à proposta inaudita de Deus, nos ajude a abrir o coração para os convites do Senhor e para as necessidades dos outros".

VN

22 julho 2021

JMJ Lisboa 2023 - Jovens desafiados a fazer Missão pelos Avós e Idosos

 


A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 convidou “cada jovem” a “fazer missão onde quer que esteja”, por ocasião do I Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, convocado pelo Papa Francisco. Este “grande movimento nacional” pretende “juntar os jovens aos mais idosos”, no fim-de-semana de 24 e 25 de julho. “O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos foi instituído pelo Papa para que não nos esqueçamos dos avós e de preservar as nossas raízes. Este Dia vai-se assinalar anualmente no quarto Domingo de julho, próximo da festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus. As datas escolhidas para este desafio ‘Faz Missão’ marcam precisamente o primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado a 25 de julho de 2021. O convite é, onde quer que estejamos, olhar e cuidar dos avós e dos mais velhos, seguindo precisamente o apelo do Papa Francisco do encontro de gerações”, desafia o COL (Comité Organizador Local) da JMJ Lisboa 2023.
Para “dar visibilidade” a esta iniciativa, é pedido a cada jovem que vista a t-shirt da JMJ. “Concretiza o desafio do Papa Francisco e faz-te próximo dos mais velhos. Telefona aos teus avós, conversa à janela com um vizinho mais velho que se encontre sozinho, vai às compras por um idoso que não tenha a família por perto, colabora com o centro de dia da tua paróquia. As possibilidades são inúmeras: convidamos-te a que, olhando para a realidade em que vives, faças aí diferença”, exemplifica a nota, convidando os jovens a partilhar o momento, através de uma fotografia ou vídeo, nas redes sociais, utilizando os hashtags #Lisboa2023 e #Iamwithyoualways.

Mais informações: www.lisboa2023.org

Patriarcado de Lisboa

O cuidado pode fazer a diferença, até mesmo contra o tráfico humano


  Campanha será lançada no dia 30 de julho  
 
“Hoje, declaramos que o cuidado e a prevenção são a força mais poderosa para a mudança, e unimo.nos aos sobreviventes para promover o cuidado contra o tráfico humano”, é o que defendem as religiosas que integram a rede Talitha Kum contra o tráfico de pessoas. 
 

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

“É necessária a vacina para o coração: e esta vacina é o cuidado”: estas são palavras do Papa Francisco por ocasião da mensagem do Dia Mundial da Paz de 2021.

E é justamente o “cuidado” que inspira a campanha de Talitha Kum (a Rede Mundial da Vida Consagrada contra o Tráfico de Seres Humanos) com vista ao Dia Mundial contra o Tráfico Humano, celebrado pelas Nações Unidas em 30 de julho.

A campanha "Care Against Trafficking" (Cuidado contra o Tráfico de Pessoas) foi apresentada esta quinta-feira (22/07), porque “não podemos ficar em silêncio enquanto as pessoas em todos os cantos do mundo sofrem por causa do tráfico de pessoas”, lê-se no comunicado.

“Temos a ousadia de dar um passo adiante nesta viajem do cuidar: queremos criar uma mudança sustentável e de longo prazo para desmantelar as estruturas que permitem a opressão e a exploração.”

O apelo de Talitha Kum é que as próprias redes e parceiros “tomem uma posição e ampliem” os esforços para transformar a economia do tráfico muma economia de cuidados que empodere a todos, “especialmente as mulheres, para fomentar comunidades prósperas e seguras”.

“Hoje, declaramos que o cuidado e a prevenção são a força mais poderosa para a mudança, e unimo-nos aos sobreviventes para promover o cuidado contra o tráfico humano.”

Enfrentar o mal com a força do bem

Como explica a coordenadora internacional da rede, Ir. Gabriella Bottani – que iniciou o seu engajamento nesta luta quando atuava no Brasil – a campanha é uma mensagem para responder à violência do tráfico, de cada forma de exploração, com o cuidar, o cuidado.

“Como o Papa Francisco muitas vezes nos lembra, cuidar é importante para dar valor, dar força ao bem, enfrentando com a força do bem o mal.”

Ir. Gabriella explica que a campanha nas redes sociais consiste em dar voz e visibilidade a “gestos de cuidados para combater o tráfico hoje no nosso mundo globalizado, mas também neste tempo de pandemia, não deixando que a crise seja a última palavra, mas o cuidar, cuidar da dignidade humana, cuidar da liberdade dos nossos irmãos e irmãs, cuidar de gestos qiotidianos para que todos tenham vida em abundância”.

Para esta ocasião, as redes de Talitha Kum no mundo foram mobilizadas e convidadas a enviar pequenas histórias de como elas tgêm cindo a trabalhar este tema do cuidado de sobreviventes: “cuidado das pessoas em situação de risco, cuidado das comunidades feridas por causa do tráfico, cuidado na prevenção, pedindo justiça para os nossos irmãos e irmãs feridos pelo tráfico”.

VN

20 julho 2021

MOMENTO


 

Abro a Bíblia e os meus olhos "caem" neste versículo:
«Coisa boa é o sal; mas, se perder o seu sabor, com que há-de ele temperar-se?» Lc 14, 34


E ao meu coração vem esta frase:
«Coisa boa é a vida; mas, se perder o seu sentido, como há-de ela viver?»


E depois, reflicto que a vida só tem sentido em Deus e vivida no e para o Seu amor.

Então, se me falta Deus e o Seu amor, falta-me a vida!

 

Monte Real, 20 de Julho de 2021
Joaquim Mexia Alves

 

18 julho 2021

Papa: descanso, contemplação e compaixão para uma "ecologia do coração"

 
 
Na sua alocução neste domingo, antes de rezar o Angelus, o Papa Francisco falou sobre a importância do verdadeiro repouso: "parar, ficar em silêncio, rezar, para não passar das coisas do trabalho para as férias", pois somente "o coração que não se deixa levar pela pressa é capaz de se comover (...), de perceber os outros, as suas feridas, as suas necessidades. A compaixão nasce da contemplação"
 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Descanso e compaixão, dois aspetos importantes da vida que guiaram a reflexão do Papa Francisco no Angelus deste XVI Domingo do Tempo Comum, que voltou a ser rezado da janela do apartamento pontifício, visto que o anterior foi do Hospital Agostino Gemelli, onde o Pontífice recuperava de uma cirurgia.

O perigo do ativismo

O Papa inspirou-se no Evangelho de Marcos proposto pela liturgia do dia para chamar à atenção que Jesus se preocupa com o cansaço físico e interior dos seus discípulos. Prova disto, é que ao ouvir os seus relatos jubilosos pelos “prodígios da pregação” durante a missão, Jesus faz-lhes um convite: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”, convida ao repouso.

Ele quer alertá-los para um perigo, que está sempre à espreita também para nós: o perigo de deixar-mo-nos cair no frenesim do fazer, cair na armadilha do ativismo, onde o mais importante são os resultados que obtemos e o sentir-mo-nos protagonistas absolutos.

Aprender a parar

E isso, observou Francisco, acontece também na Igreja, “estamos atarefados, corremos, pensamos que tudo depende de nós e, no final, corremos o risco de negligenciar Jesus e estarmos sempre nós no centro. Por isso, convida os seus para repousar um pouco à parte, com Ele”:

Não é apenas repouso físico, é também descanso do coração. Porque não basta “desligar”, é preciso repousar de verdade. E como se faz isto? Para fazer isto é preciso voltar ao cerne das coisas: parar, ficar em silêncio, rezar, para não passar da correria do trabalho para a correria das férias.

Mas o facto de Jesus se retirar em cada dia na “oração, no silêncio, na intimidade com o Pai”, não impede que Ele esteja atento às necessidades da multidão, e o convite dirigido aos seus discípulos, deveria acompanhar também a nós, que deveríamos parar “a correria frenética que dita as nossas agendas”:

“Aprendamos a parar, a desligar o telemóvel, a contemplar a natureza, a regenerarmo-nos no diálogo com Deus.”

A compaixão nasce da contemplação

Mas o Papa recorda ainda, que “o Evangelho narra que Jesus e os discípulos não podem descansar como gostariam”, pois as pessoas provenientes dos lugares mais diversos reconhecem-nos. Neste ponto, move-se a compaixão”:

Aqui está o segundo aspeto: a compaixão que é o estilo de Deus, o estilo de Deus é: proximidade, compaixão e ternura. Quantas vezes no Evangelho, na Bíblia, encontramos esta frase: “teve compaixão dele”. Comovido, Jesus dedica-se ao povo e retoma o ensino. Parece uma contradição, mas na realidade não o é. De facto, só o coração que não se deixa levar pela pressa é capaz de se comover, isto é, de não se deixar levar por si mesmo e pelas coisas a fazer e de perceber os outros, as suas feridas, as suas necessidades. A compaixão nasce da contemplação.

Ecologia do coração

Assim – observou Francisco - caso aprendamos a descansar verdadeiramente, tornaremo-nos capazes da verdadeira compaixão:

Se cultivarmos o olhar contemplativo, levaremos em frente as nossas atividades sem a atitude voraz de quem quer possuir e consumir tudo; se permanecermos em contacto com o Senhor e não anestesiarmos a parte mais profunda de nós, as coisas a fazer não terão o poder de nos tirar o fôlego e de nos devorar. Temos necessidade - ouçam isto - temos necessidade de uma “ecologia do coração” que inclui descanso, contemplação e compaixão. Aproveitemos o tempo de verão para isso. Ajuda-nos bastante!

Ao concluir, o Santo Padre convidou os fiéis a dirigirem-se a Nossa Senhora, “que cultivou o silêncio, a oração e a contemplação, e move-se sempre em terna compaixão por nós, seus filhos.”

VN

17 julho 2021

Papa: misericórdia oferecida aos últimos e sofredores, raiz da espiritualidade franciscana

 
Papa Francisco com os Frades Menores na Sala Paulo VI, em 10/10/2019  (Vatican Media) 

 
"A renovação da vossa visão só pode partir deste novo olhar com o qual contemplar o irmão pobre e marginalizado, sinal, quase sacramento da presença de Deus. Deste olhar renovado, desta experiência concreta de encontro com o próximo e com as suas feridas, pode nascer uma renovada energia para olhar para o futuro como irmãos e como menores, como vós sois, segundo o belo nome de "frades menores", que S. Francisco escolheu para si e para vós."
 

Vatican News

“Vós tendes uma herança espiritual de riqueza inestimável, enraizada na vida evangélica e caracterizada pela oração, a fraternidade, a pobreza, a minoridade e a itinerância. Não se esqueçam que receberam um olhar renovado, capaz de nos abrir ao futuro de Deus, da proximidade com os pobres, as vítimas da escravidão moderna, os refugiados e os excluídos deste mundo. Eles são vossos mestres. Abracem-nos como S. Francisco!”

Esta foi a exortação do Papa Francisco na mensagem enviada aos participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores que elegeu o novo Ministro Geral, P. Massimo Giovanni Fusarelli, que sucede ao P. Michael A. Perry, ambos saudados pelo Santo Padre no início da mensagem.

O Papa começa recordando que esta experiência crítica que temos vivido devido à pandemia estimula-nos, por um lado, “a reconhecer o quanto a nossa vida terrena é um caminho a percorrer como peregrinos e forasteiros, homens e mulheres itinerantes, dispostos a livrar-se das coisas e pretensões pessoais”. Por outro lado, “é uma ocasião propícia para intensificar a relação com Cristo e com os irmãos: penso nas vossas comunidades – disse Francisco - chamadas a ser humilde presença profética no meio do povo de Deus e testemunho para todos de fraternidade e de uma vida simples e alegre.”

Celebrar o Capítulo Geral neste tempo difícil e complexo “já é motivo de louvor e de agradecimento a Deus”, disse o Pontífice, que inspirando-se no versículo de Efésios que guia o Capítulo - "Levanta-te ... e Cristo te iluminará" – dirige-se aos Frades Menores dizendo ser esta “uma palavra de ressurreição, que os enraíza na dinâmica pascal, porque não há renovação e não há futuro senão em Cristo ressuscitado”. Neste sentido, agradecidos, os frades devem estar abertos “para acolher os sinais da presença e ação de Deus e redescobrir o dom do seu carisma e da sua identidade fraterna e minoritária.”

Fazendo menção ao Testamento de S. Francisco, onde conta que o princípio da própria conversão foi o encontro com os leprosos”, o Papa disse que na raiz da espiritualidade dos franciscanos “está este encontro com os últimos e com os sofredores, no sinal de ‘fazer misericórdia’”:

“Deus tocou o coração de Francisco pela misericórdia oferecida ao irmão e continua a tocar o nosso coração pelo encontro com os outros, especialmente com os mais necessitados. A renovação da vossa visão só pode partir deste novo olhar com o qual contemplar o irmão pobre e marginalizado, sinal, quase sacramento da presença de Deus. Deste olhar renovado, desta experiência concreta de encontro com o próximo e com as suas feridas, pode nascer uma renovada energia para olhar para o futuro como irmãos e como menores, como vós sois, segundo o belo nome de "frades menores", que S. Francisco escolheu para si e para vós.”

A força renovadora de que os Frades Menores têm necessidade “provém do Espírito de Deus” - enfatizou o Pontífice. “Aquele Espírito que transformou a amargura do encontro de Francisco com os leprosos em doçura de alma e de corpo, age ainda hoje para dar novo frescor e energia a cada um de vós, se se deixarem provocar pelos últimos de nosso tempo”.

O Papa então encorajou os Frades Menores “a ir ao encontro dos homens e mulheres que sofrem na alma e no corpo, para oferecer a sua presença humilde e fraterna, sem grandes discursos, mas fazendo sentir a sua proximidade de irmãos menores”:

“[Encorajo-vos a ir na direção de uma criação ferida, da nossa casa comum, que sofre de uma exploração distorcida dos bens da terra para o enriquecimento de poucos, enquanto se criam condições de miséria para muitos. A ir como homens de diálogo, tentando construir pontes em vez de muros, oferecendo o dom da fraternidade e da amizade social num mundo que luta para encontrar a rota de um projeto comum. A ir como homens de paz e reconciliação, convidando os que semeiam o ódio, a divisão e a violência à conversão do coração e oferecendo às vítimas a esperança que vem da verdade, da justiça e do perdão. Destes encontros recebereis o impulso de viver o Evangelho cada vez mais plenamente, segundo aquela palavra que é o vosso caminho: «A vida e a regra dos Frades Menores é esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo» ( Regra 1, 1). ]”

E diante dos desafios da queda numérica e do envelhecimento, “não permitam que a ansiedade e o medo vos impeçam de abrir os vossos corações e mentes para a renovação e revitalização que o Espírito de Deus desperta em vós e entre vós”, disse o Papa, concluindo com a sua Bênção Apostólica.

VN